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QUESTÃO AGRÁRIA
Movimento, acusado de cobrar "pedágio" ilegal de produtores, divulga documentos de solidariedade
MST busca apoio externo contra denúncia
DA REPORTAGEM LOCAL
Sob pressão em razão de denúncias de que cobra um "pedágio" obrigatório de produtores
rurais assentados, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra) está buscando declarações de apoio entre personalidades estrangeiras.
O movimento está sendo investigado pela Polícia Federal, que
tem suspeitas de que esteja forçando pequenos agricultores a
pagar uma taxa de 3% sobre os financiamentos que recebe do governo federal para projetos.
Ontem, o movimento divulgou
três documentos de solidariedade
e apoio à cobrança da taxa. O
MST é visto com simpatia por várias organizações e intelectuais estrangeiros.
Assinam os documentos o renomado linguista norte-americano Noam Chomsky, professor do
MIT (Massachusetts Institute of
Technology), a prêmio Nobel da
Paz Rigoberta Menchú e a Fian,
organização não-governamental
com sede na Alemanha que se define como "defensora do direito
humano a se alimentar".
Contribuição voluntária
A carta de Chomsky é endereçada ao presidente Fernando Henrique Cardoso e ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul
Jungmann.
"Venho expressar preocupação
com as notícias de que o governo
estaria oprimindo o MST por receber contribuições voluntárias
de seus membros, prática comum
adotada internacionalmente por
sindicatos e muitas outras organizações", diz o professor.
Chomsky diz que "espera" que
a intenção do governo não seja
criminalizar o MST. "O MST tem
realizado um trabalho extraordinário de mobilização popular e
defesa dos interesses da população mais pobre e sofredora, para
resolver o grave problema de
grande concentração de riquezas
que convive com uma imensa pobreza", afirma o professor.
Já o documento divulgado por
Menchú, que se notabilizou por
defender os interesses de povos
indígenas na América Central, diz
que a Nobel da Paz "denuncia
com indignação à comunidade
internacional os atos antidemocráticos em que o governo brasileiro tem incorrido com o objetivo de acabar com as organizações
que têm como bandeira a justa luta campesina pelo acesso à terra".
Líderes assassinados
Por sua vez, a carta da ONG sediada na Alemanha, também endereçada ao presidente, diz que o
governo brasileiro "conduz ampla ação coordenada de repressão
e desmoralização dos movimentos sociais de luta pela terra, em
especial o MST".
Os documentos de Menchú e da
ONG Fian citam números iguais:
condenam o fato de dez integrantes do MST terem sido assassinados neste ano e de 180 líderes sem-terra estarem sendo processados
criminalmente.
Também criticam o fato de o
governo federal ter atrasado a liberação de crédito para plantio de
250 mil famílias de produtores já
assentados.
A Folha tentou localizar dirigentes do MST ontem, mas não
teve sucesso.
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