São Paulo, quinta-feira, 07 de novembro de 2002

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Indicador aponta melhora na condição de vida

FERNANDA DA ESCÓSSIA
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Um novo indicador socioeconômico criado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o IDF (Índice de Desenvolvimento da Família), mostra que as condições de vida das famílias brasileiras melhoraram de 1992 a 2001, mas o acesso ao trabalho ficou estacionado nesse período.
Segundo os resultados do IDF, o que puxou a melhora nas condições de vida da família foi o desenvolvimento infantil, com redução da mortalidade infantil e do trabalho de crianças em idade escolar, por exemplo. As conclusões do IDF foram divulgadas ontem por seu criador, o diretor de Estudos Sociais do Ipea, Ricardo Paes de Barros, no seminário internacional sobre estratégias para superação da pobreza.
O IDF questiona o acesso da família a 48 itens, distribuídos em seis grupos: vulnerabilidade social (presença de cônjuge, presença ou ausência de crianças e idosos), acesso ao conhecimento (analfabetismo, anos de estudo dos membros da família), acesso ao trabalho (emprego e renda), disponibilidade de recursos (situação de pobreza e capacidade de geração de renda), desenvolvimento infantil (trabalho precoce, mortalidade infantil etc.) e condições habitacionais (saneamento, energia elétrica).
O índice varia de zero a um, sendo que zero indica que a família não tem nenhum acesso aos 48 itens indagados pelo pesquisador e um, que tem acesso a todos eles.
O IDF das famílias brasileiras subiu de 0,69 em 1992 para 0,73 em 2001. A base de dados utilizada por Paes de Barros foi a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE.
No mesmo período, o acesso ao trabalho se manteve em 0,60, embora tenha chegado a 0,64 em 1996. Já o desenvolvimento infantil subiu de 0,64 em 1992 para 0,91 em 2001. O acesso ao conhecimento subiu de 0,51 para 0,54, a condição de vulnerabilidade das famílias melhorou, subindo de 0,73 para 0,75, o desenvolvimento habitacional subiu de 0,71 para 0,81, e a disponibilidade de recursos subiu de 0,76 para 0,79.
O IDF foi criado por encomenda da Seas (Secretaria de Estado de Assistência Social), que quer aplicá-lo para avaliar as condições de vida de 9,3 milhões de famílias pobres que estão sendo listadas no cadastro social único.
As condições de uma região já são avaliadas pelo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que segue padrões mundiais.
"A diferença principal é que o IDH avalia as condições de um país, um Estado, uma cidade, um bairro ou uma rua, ou seja, avalia um grupo em um determinado território. O IDF permite detalhar ainda mais isso, avaliando uma família ou até uma pessoa", afirmou Paes de Barros.
Com a metodologia do IDF, foram analisadas as condições de vida de grupos específicos. Têm IDF abaixo da média nacional os negros (0,68), as crianças (0,67), os idosos (0,65) e as famílias chefiadas por mulheres (0,69).


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