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Indicador aponta melhora na condição de vida
FERNANDA DA ESCÓSSIA
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Um novo indicador socioeconômico criado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o IDF (Índice de Desenvolvimento da Família), mostra que as
condições de vida das famílias
brasileiras melhoraram de 1992 a
2001, mas o acesso ao trabalho ficou estacionado nesse período.
Segundo os resultados do IDF, o
que puxou a melhora nas condições de vida da família foi o desenvolvimento infantil, com redução da mortalidade infantil e
do trabalho de crianças em idade
escolar, por exemplo. As conclusões do IDF foram divulgadas ontem por seu criador, o diretor de
Estudos Sociais do Ipea, Ricardo
Paes de Barros, no seminário internacional sobre estratégias para
superação da pobreza.
O IDF questiona o acesso da família a 48 itens, distribuídos em
seis grupos: vulnerabilidade social (presença de cônjuge, presença ou ausência de crianças e idosos), acesso ao conhecimento
(analfabetismo, anos de estudo
dos membros da família), acesso
ao trabalho (emprego e renda),
disponibilidade de recursos (situação de pobreza e capacidade
de geração de renda), desenvolvimento infantil (trabalho precoce,
mortalidade infantil etc.) e condições habitacionais (saneamento,
energia elétrica).
O índice varia de zero a um, sendo que zero indica que a família
não tem nenhum acesso aos 48
itens indagados pelo pesquisador
e um, que tem acesso a todos eles.
O IDF das famílias brasileiras
subiu de 0,69 em 1992 para 0,73
em 2001. A base de dados utilizada por Paes de Barros foi a Pnad
(Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios), do IBGE.
No mesmo período, o acesso ao
trabalho se manteve em 0,60, embora tenha chegado a 0,64 em
1996. Já o desenvolvimento infantil subiu de 0,64 em 1992 para 0,91
em 2001. O acesso ao conhecimento subiu de 0,51 para 0,54, a
condição de vulnerabilidade das
famílias melhorou, subindo de
0,73 para 0,75, o desenvolvimento
habitacional subiu de 0,71 para
0,81, e a disponibilidade de recursos subiu de 0,76 para 0,79.
O IDF foi criado por encomenda da Seas (Secretaria de Estado
de Assistência Social), que quer
aplicá-lo para avaliar as condições
de vida de 9,3 milhões de famílias
pobres que estão sendo listadas
no cadastro social único.
As condições de uma região já
são avaliadas pelo IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano), que
segue padrões mundiais.
"A diferença principal é que o
IDH avalia as condições de um
país, um Estado, uma cidade, um
bairro ou uma rua, ou seja, avalia
um grupo em um determinado
território. O IDF permite detalhar
ainda mais isso, avaliando uma
família ou até uma pessoa", afirmou Paes de Barros.
Com a metodologia do IDF, foram analisadas as condições de
vida de grupos específicos. Têm
IDF abaixo da média nacional os
negros (0,68), as crianças (0,67),
os idosos (0,65) e as famílias chefiadas por mulheres (0,69).
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