São Paulo, quinta-feira, 07 de novembro de 2002

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TRANSIÇÃO

Para idealizador do Fome Zero, benefício tem que estar vinculado obrigatoriamente ao consumo de alimentos

Projeto deve garantir comida, diz Graziano

Sérgio Lima/Folha Imagem
O idealizador do projeto Fome Zero, o economista José Graziano, explica o programa em Brasília


FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Em mais um capítulo da discussão sobre o formato do programa de combate à fome a ser adotado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o economista José Graziano, idealizador do projeto Fome Zero, reafirmou que a idéia é vincular obrigatoriamente o benefício ao consumo de alimentos.
A afirmação foi feita ontem, em Brasília, embora o coordenador da transição de Lula, Antônio Palocci Filho, tenha acenado com a possibilidade de que o benefício seria em dinheiro e poderia ser utilizado de acordo com a necessidade da família.
"O que sei é que o presidente do PT, José Dirceu, com quem conversei ontem [anteontem], me disse que o modelo será esse [vinculação aos alimentos]", afirmou Graziano.
De acordo com o economista, os custos de implementação do programa serão reduzidos porque será utilizada estrutura já existente. "Nós pretendemos utilizar grande parte da estrutura já existente dos programas sociais do atual governo. Não há razão para começar tudo de novo."
O custo da estrutura necessária para implantar o projeto é um dos pontos mais criticados pelos adversários da idéia.
Procurando dar uma resposta, o economista disse que os cartões eletrônicos já existentes para programas como Bolsa-Escola e Bolsa-Alimentação poderão ser utilizados também para o Fome Zero.
O objetivo seria usar os cartões em máquinas instaladas em estabelecimentos credenciados, para que deles seja debitado o custo de alimentos.
Em locais onde não pudesse ser instalado o sistema eletrônico, haveria um modelo de selos impressos, para ser trocados por alimentos. "O conceito do cupom de alimentação comporta várias modalidades, como cartão ou selos."

Moeda paralela
Graziano também buscou reagir a outro ponto criticado, o de que selos impressos poderiam se tornar uma moeda paralela.
"Isso seguramente poderia ser resolvido se adotássemos um sistema de mudança periódica na cor dos selos, em que os selos anteriores perderiam a validade".
Segundo o economista, outra idéia em estudo é a de privilegiar as mulheres na hora de distribuir os cupons, porque supõe-se que, na média, elas utilizariam o benefício de forma mais responsável.
Graziano reafirmou sua idéia de que é preciso vincular os benefícios ao consumo de alimentos. "Para haver um programa de segurança alimentar de verdade, é necessário que o benefício seja usado em alimentos", afirmou.


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