São Paulo, quinta-feira, 07 de dezembro de 2000

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NARCOTRÁFICO

EUA apontam fronteira brasileira como área para expansão do narcotráfico



MALU GASPAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Projeções do governo norte-americano apontam a região da chamada Cabeça do Cachorro, na fronteira do Brasil com a Colômbia, como uma área de "potencial espalhamento" do plantio da coca e uma rota importante de fornecimento dos produtos químicos brasileiros usados na produção da cocaína para a Colômbia.
O diagnóstico está num mapa mostrado ontem pelo subsecretário de Estado dos EUA para o combate às drogas, Rand Beers, a jornalistas, durante uma entrevista sobre a visita dele ao Brasil.
Beers esteve por dois dias no país para discutir com as autoridades brasileiras a forma de utilização de uma verba de US$ 3,5 milhões que os EUA vão repassar ao Brasil, como parte dos recursos destinados ao Plano Colômbia.
O objetivo da ajuda é financiar atividades de policiamento e repressão, visando combater os possíveis efeitos da repressão na Colômbia. Segundo o Ministério da Justiça, esse dinheiro deverá ser repassado a projetos da PF.
No mapa montado pela área de inteligência dos EUA, as áreas de produção da cocaína na Colômbia aparecem nos mesmos locais em que há atividades guerrilheiras. As maiores áreas classificadas como de "potencial espalhamento" do plantio da coca na Colômbia estão no Equador e no Brasil, na região da Cabeça do Cachorro.
Beers disse que o diagnóstico feito pelos EUA é que uma quantidade importante de produtos químicos estão passando para a Colômbia pelos rios. A área está sendo monitorada pela Operação Cobra, da Polícia Federal, que prevê o reforço do policiamento na fronteira com a Colômbia. Até agora nenhum produto químico foi apreendido pela PF na região.
Beers elogiou as iniciativas brasileiras de combate ao narcotráfico, como a Operação Cobra e o programa de combate ao desvio de precursores químicos: "Eu não acho que o Brasil esteja sendo tímido. Os projetos brasileiros que conheço são muito bons. Claro que sempre se pode melhorar, mas isso vai ser sempre assim".
O Plano Colômbia é um esforço de combate ao plantio, à produção e ao tráfico de drogas. Ele prevê, além da repressão, substituição das culturas da coca e programas sociais que diminuam a importância do narcotráfico na economia da Colômbia. Seu custo total está avaliado em US$ 7,5 bilhões, dos quais os EUA estão dando US$ 1,6 bilhão. A maior parte desse dinheiro é destinada a atividades de repressão. "Em setembro, os EUA já destinaram cerca de US$ 1 milhão ao Brasil como parte da ajuda anual aos países para o combate ao tráfico."


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