São Paulo, quinta-feira, 07 de dezembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FHC dará ministério a derrotado no Congresso

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse à cúpula do PFL que compensará na reforma ministerial, prevista para março, o partido aliado que sair derrotado nas eleições para as presidências da Câmara e do Senado. PSDB e PMDB estão unidos contra o PFL na disputa.
FHC deu o aviso depois de dizer que, com a manutenção do veto de Antonio Carlos Magalhães à candidatura de Jader Barbalho (PMDB-PA) a presidente do Senado, não teria como interferir.
O presidente deixou claro que o veto deveria ser removido rapidamente, sob pena de não ter tempo e argumento para pedir a Aécio Neves (PSDB-MG) que desista de disputar a presidência da Câmara em benefício de Inocêncio Oliveira (PFL-PE). Segundo FHC, o acordo PMDB-PSDB se solidifica a cada ataque de ACM a Jader.
O presidente começou a conversa com os pefelistas dizendo que o ideal seria um entendimento do PMDB com a ala do PFL que discorda do veto de ACM a Jader, mas, diante das dificuldades, não tentará frear a pretensão tucana de presidir a Câmara. Como haverá perdedores, tentará curar feridas compensando os derrotados.
Ontem, ao saber disso, Inocêncio disse que, se perder, não aceitará cargo. "Recuso qualquer tipo de prêmio de consolação. Dessa água não beberei", afirmou.
Hoje, FHC avalia que, com a continuidade da guerra na base governista, PSDB e PMDB têm mais chances de derrotar o PFL. Os pefelistas não elegeriam Inocêncio. E ACM teria de engolir a vitória de Jader, presidente do PMDB, com quem troca insultos e acusações de corrupção.
FHC jantou anteontem com o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, o líder pefelista no Senado, Hugo Napoleão, e o vice-presidente Marco Maciel após ouvir de tucanos e de peemedebistas que eles já tinham apoio parlamentar para eleger Aécio e Jader.
FHC pediu aos caciques do PSDB e do PMDB que não anunciassem isso agora, sob pena de expor o governo ao bombardeio de ACM, presidente do Congresso, que tem poder de atrapalhar votações de interesse do Executivo. O Planalto está interessado em votar logo o Orçamento de 2001.
Depois de pedir silêncio a tucanos e peemedebistas, FHC procurou a ala pefelista que critica nos bastidores a posição de ACM.
Em conversas reservadas, pefelistas como Bornhausen e Inocêncio admitem que, se o PFL for derrotado na disputa pelas presidências da Câmara e do Senado, culparão ACM e usarão o episódio para tentar diminuir o poder de fogo de seu principal cacique.
As eleições das Mesas Diretoras do Congresso, na primeira quinzena de fevereiro, são o primeiro teste para saber se a aliança entre PSDB, PMDB e PFL sobrevive até a sucessão presidencial de 2002.
Anteontem, FHC fez outro pequeno gesto que, de acordo com auxiliares, mostra que ele teria simpatia pela derrota de ACM, aliado que mais lhe cria problemas: recebeu os três dissidentes carlistas que deixaram o PFL baiano para ingressar no PMDB.
Na terça, FHC reuniu-se com os deputados federais Leur Lomanto, Roland Lavigne e Jonival Lucas. Lomanto disse que "foi uma visita de cortesia, para dizer que deixamos o PFL, mas fomos para outro partido da base aliada".



Texto Anterior: Congresso: Jader e ACM retomam bate-boca
Próximo Texto: Narcotráfico: EUA apontam fronteira brasileira como área para expansão do narcotráfico
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.