São Paulo, quinta-feira, 07 de dezembro de 2000

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PANORÂMICA


CASO MARKA

Ex-chefe nega contradição

Ex-chefe do BC no Rio depõe e muda versão

DA SUCURSAL DO RIO

O ex-chefe da Fiscalização do Banco Central no Rio, Abelardo Duarte Sobrinho, disse ontem, em seu segundo depoimento à Justiça Federal sobre o caso Marka, que não houve "recomendação formal" da regional que ele dirigia para que o BC fizesse a liquidação extrajudicial do banco.
A declaração de Sobrinho contraria seu depoimento prestado à Polícia Federal, no ano passado, e o que ele também havia dito em seu primeiro depoimento à Justiça. Em ambos os casos, Sobrinho disse que fora recomendada a liquidação do banco Marka pela regional do Rio.
No depoimento que prestou à Justiça no dia 12 de julho deste ano -ele depôs duas vezes porque o caso Marka está dividido em dois processos-, Sobrinho havia dito "nunca ter visto em 21 anos" a diretoria do BC reverter por voto uma recomendação passada pela inspeção local. Ele disse que a operação que zerou o patrimônio do Marka foi "atípica".
Na PF, durante a fase de inquérito, Sobrinho havia dito que a posição da regional era pela liquidação do banco Marka.
Ontem, diante de grande parte dos acusados, entre eles o ex-presidente do BC Francisco Lopes e o ex-presidente do FonteCindam (o banco socorrido pelo BC, junto com o Marka, após a desvalorização cambial de janeiro de 1999, fato que gerou os processos em andamento) Luiz Antônio Gonçalves, Sobrinho disse: "eu não poderia fazer a sugestão explícita porque o banco (Marka) não estava insolvente naquela hora".
Questionado sobre o teor dos seus depoimentos anteriores, Sobrinho disse que defendia que, se a desvalorização cambial continuasse por mais "quatro ou cinco dias" e nada fosse feito não haveria alternativa que não a liquidação. Ele disse também não haver obrigação de a direção do BC seguir uma recomendação da equipe técnica sobre liquidações.
Na saída, Sobrinho disse que não mudou seus depoimentos anteriores e que a suposta confusão se deve "à forma como as palavras são colocadas".
No depoimento de ontem Sobrinho disse ainda que, no relatório da regional sobre a operação do FonteCindam não constou que o BC havia sido a parte vendedora dos dólares porque, "na época" havia sigilo nas normas da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) sobre isso. Na PF ele havia dito que houve discussão e que "alguém" disse que no relatório não deveria constar que o socorro viera do BC.
Sobrinho confirmou que durante todo o processo reportou à atual diretora de Fiscalização do BC, Tereza Grossi (na época, chefe interina do Departamento de Fiscalização do BC).
Ele disse também que, embora só tivesse tomado conhecimento de que havia uma carta da BM&F ao BC falando em "risco sistêmico" (principal alegação do BC para ter feito o socorro) durante a época da desvalorização, a expressão risco era o tempo todo utilizada pelos dirigentes do BC.





























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