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São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2003

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PSDB pretende usar escândalo na campanha

DA REPORTAGEM LOCAL

A reabertura do caso Celso Daniel pela Promotoria pode ser determinante na escolha do candidato do PSDB a prefeito de São Paulo nas eleições de 2004 e no desempenho do partido, avalia a cúpula tucana no Estado.
O PSDB paulista enxerga nas investigações, que envolvem uma vitrine histórica do PT, a administração de Santo André, a possibilidade de enfraquecer a candidatura à reeleição de Marta Suplicy na capital e afastar da Grande São Paulo, em ano eleitoral, ministros e estrelas petistas -como Lula.
O PSDB planeja utilizar o caso para "mostrar qual é o verdadeiro comportamento do PT à frente da máquina pública", nas palavras do deputado estadual Edson Aparecido, que vai coordenar a campanha dos tucanos na capital.
O caso também tem atenção especial do PSDB porque a crise desencadeada pelo assassinato de Celso Daniel, em janeiro de 2002, abalou a Segurança Pública do Estado e quase inviabilizou a candidatura de Alckmin à reeleição. O governador havia acabado de substituir Mário Covas. Na ocasião, Alckmin envolveu-se diretamente nas investigações e foi cobrado pelos petistas. "O PT do Brasil inteiro foi em cima do governador durante o sequestro. Eles usaram de maneira passional a morte do Celso Daniel para nos atingir", declarou Aparecido.
A cúpula tucana em São Paulo, segundo a Folha apurou, pediu a pré-candidatos empenho na busca de elementos que possam favorecer a linha de investigação dos promotores, de que o crime está ligado a um esquema de caixa-dois em Santo André. A avaliação de caciques do PSDB é que o desempenho de cada um no caso poderá contar na escolha do nome por Geraldo Alckmin. Aparecido, porém, diz que a escolha do candidato será por questões políticas, que independem das investigações sobre a morte de Daniel.
O PSDB tem hoje pelo menos cinco nomes com intenções de disputar a prefeitura paulistana: o ex-deputado federal José Aníbal, os deputados federais Zulaiê Cobra e Walter Feldman e os secretários estaduais Saulo de Castro Abreu Filho (Segurança) e Gabriel Chalita (Educação).
O caso Celso Daniel é visto no partido como a grande chance para Aníbal, Zulaiê e Feldman, já que os favoritos até agora do governador são os dois secretários.
Dos três, Aníbal é o que tem mais chances e já informou ao governador sua intenção de disputar a prefeitura. Ele é visto dentro do partido como um dos nomes mais bem informados sobre o assassinato do prefeito. Mas Abreu Filho, por comandar a a polícia, é visto como peça estratégica nas investigações do caso, já que as apurações indicam ramificações nos presídios e envolvem o PCC.
Antecipando-se à reação dos tucanos, a bancada do PT na Assembléia Legislativa tem pronto um pedido de CPI para investigar a morte de 12 supostos integrantes do PCC na "Operação Castelinho", em 5 de março de 2002. Na última quinta-feira, o Ministério Público denunciou 53 PMs sob a acusação de homicídio. A ação ocorreu na gestão de Abreu Filho.
(JOSÉ ALBERTO BOMBIG)


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