DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A prática de criar ONGs ligadas ao governo não é nova. Sob Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), a então primeira-dama, Ruth Cardoso, criou e presidiu o Conselho do Comunidade Solidária, que, por sua vez, criou ONGs como a Alfabetização Solidária.
Captando recursos para os programas sociais do Comunidade Solidária, Ruth conseguiu apoio de empresas que hoje contribuem para a ONG Apoio Fome Zero, como Bradesco, BMF, Banco Itaú e Votorantim.
Em 2001, o Alfabetização Solidária era financiado por 90 empresas públicas e privadas. As contribuições eram acertadas em reuniões individuais entre os executivos da ONG e a empresa. Quem aderia, assinava um termo de compromisso que especificava as datas dos repasses e a contribuição.
A empresa tinha a obrigação de fazer depósitos conforme estabelecido no contrato, mas não havia carta de cobrança ou boleto bancário. Pagamento efetuado, a Alfabetização Solidária enviava, como faz até hoje, uma carta agradecendo.
Os militantes de ONGs criticaram -e ainda criticam- o fato de o governo emprestar sua força e prestígio para uma organização da sociedade civil. Argumentam que, com esse apoio, a ONG tem mais facilidade de arrecadar entre os empresários. E, o mercado de doações, que no Brasil já é reduzido, fica menor ainda. (GA)



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