São Paulo, quarta-feira, 07 de dezembro de 2005

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CONEXÃO RIBEIRÃO

Empresa é acusada de fiscalizar a si mesma

ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO

Integrantes do Ministério Público Estadual e da Polícia Civil de Ribeirão Preto descobriram ontem mais um detalhe no suposto esquema de fraudes na varrição do lixo na administração Antonio Palocci Filho: a fiscalização de alguns serviços era feita pela própria empreiteira Leão Leão.
A informação foi transmitida pelo novo diretor do bosque Gustavo Nonino, 35, durante vistoria do delegado Benedito Antonio Valencise e do promotor Aroldo Costa Filho. "Um funcionário da Leão passava uma vez por dia para ver se alguém tinha faltado", disse o funcionário.
"É uma aberração o que aconteceu aqui. Um absurdo", disse o delegado em referência à discrepância entre o montante a ser varrido no local -4,5 quilômetros- e o que era pago pela administração petista (2001-2004): entre 46 e 48 quilômetros por dia. Valencise percorreu toda a área sujeita à varrição em cerca de meia hora.
Além do bosque, a polícia e a Promotoria têm documentos que mostram que as fraudes ocorriam em vários outros setores, como no sistema de varrição móvel.
A Leão é acusada pelo advogado Rogério Buratti, ex-vice-presidente da empreiteira e ex-secretário de Governo de Palocci, de ter pago propina de R$ 50 mil ao ministro da Fazenda (entre 2001 e 2002) e ao seu sucessor na prefeitura, Gilberto Maggioni (2003 e 2004). Os dois negam.
Nos cálculos da Promotoria, os desvios dos cofres públicos giravam em torno de R$ 400 mil mensais e perto de R$ 300 mil voltavam em forma de propina.
A ex-superintendente do Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto Isabel Bordini e a assessoria da Leão não foram encontrados ontem. Em entrevista anteriores, eles negaram a fraude.


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