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IMPRENSA
Lúcio Flávio Pinto, que ganhou prêmio nos EUA, sofre 18 processos no Pará
Jornalista premiado teme sair do país
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
O jornalista Lúcio Flávio Pinto,
56, proprietário do jornal "Pessoal", de Belém (PA), recebeu no
último dia 22 de novembro o Prêmio Internacional de Liberdade
de Imprensa, dado pelo CPJ (Comittee to Protect Journalists), nos
Estados Unidos, mas não pôde
viajar para receber a homenagem.
Lúcio Flávio evita sair de Belém
para não perder prazos processuais: há na Justiça 18 ações contra
ele em razão dos artigos que publica no jornal. "No momento em
que os processos estão muito ativos, não posso sair daqui. Um errinho, uma falha processual formal, pode me liquidar", disse.
Das 18 ações judiciais a que responde, 13 delas, segundo ele, foram movidas de janeiro para cá
pela família Maiorana, proprietária do grupo ORM (Organizações
Rômulo Maiorana), maior empresa de comunicação do Pará.
Segundo Lúcio Flávio, desde janeiro ele dedica a maior parte de
seu tempo à sua defesa e vai ao fórum de Belém pelo menos três vezes por semana. O próprio jornalista é quem prepara a defesa: ele
afirma que os advogados evitam
defendê-lo, pois temem represálias do grupo de comunicação.
Em janeiro, Lúcio Flávio foi
agredido por Ronaldo Maiorana,
37, editor do jornal "O Liberal",
do grupo ORM, em um restaurante. Desde então, surgiram outras ações. Ronaldo Maiorana disse que a agressão "foi um erro",
mas que defendeu a família de
acusações de Lúcio Flávio.
Além da família Maiorana, pela
qual ele se diz perseguido, Lúcio
Flávio também foi questionado
judicialmente por pessoas apontadas por ele como grileiros.
Segundo ele, o prêmio não mudou em nada sua situação. Desde
que foi anunciado como um dos
premiados, em 22 de outubro,
disse que foram apresentadas
mais duas ações contra ele pelos
Maiorana: "As duas ações foram
um recado: Vamos continuar".
Na premiação, que ocorreu em
uma cerimônia no hotel Waldorf
Astoria, em Nova York, Lúcio Flávio foi representado pela filha.
Para a seccional da Ordem dos
Advogados do Brasil do Pará, o
caso do jornalista é uma briga
pessoal dele com o grupo ORM e
não configura cerceamento à liberdade de imprensa. "A liberdade de imprensa tem que ser defendida em todos os seus nuances, só que os jornalistas que escrevem alguma coisa estão sujeitos à reação da outra parte contra
a qual escreveu. Nenhum direito é
ilimitado", disse o presidente da
OAB-PA, Ophir Cavalcante Jr.
O relatório anual sobre liberdade de imprensa no Brasil feito pela
ANJ (Associação Nacional de Jornais) e divulgado na semana passada também não relata o caso:
"Para a ANJ, e nós discutimos
muito isso internamente, é uma
coisa pessoal. São dois empresários da área de comunicação brigando", disse Fernando Martins,
secretário-executivo da entidade.
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