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Polícia prende 40 e aponta desvio de R$ 200 mi em AL
Suposto esquema teria fraudado folha de pagamento da Assembléia de 2001 a 2006
Entre os presos estão o deputado estadual Cícero Ferro (PMN) e um prefeito; Manoel Gomes de Barros foi libertado na noite de ontem
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ
CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal prendeu
ontem ao menos 40 pessoas ligadas a um suposto esquema de
fraudes na folha de pagamentos
da Assembléia Legislativa de
Alagoas. Entre os detidos estão
o ex-presidente da Casa Celso
Luís (PMN), o deputado estadual Cícero Ferro (PMN), um
prefeito e servidores. O ex-governador do Estado Manoel
Gomes de Barros, que estava
entre os presos, foi libertado na
noite de ontem, beneficiado
por um habeas corpus.
Estima-se que o grupo tenha
desviado R$ 200 milhões de
2001 a 2006. Segundo a PF, o
desvio mensal era de cerca de
R$ 4 milhões -metade do orçamento da Assembléia.
A suposta quadrilha, sempre
segundo a PF, empregou 200
funcionários fantasmas e laranjas na Assembléia. Além
disso, desviou o IR (Imposto de
Renda) que deveria ser descontado no pagamento desses servidores irregulares.
O grupo também inflava o valor do imposto acima do que seria correto recolher e repassar
ao Fisco. A PF estima que a Receita tenha pago R$ 2 milhões
somente em restituições fraudadas. Outro modo de atuação
era a obtenção de empréstimos
consignados sobre a folha de
pagamento da Casa.
O ex-governador Barros
(1997-1999, pelo PTB), pai do
deputado estadual Nelito Gomes (PMN), e o deputado Ferro
foram presos em flagrante por
porte ilegal de arma. Na casa de
Ferro foram encontradas uma
metralhadora, uma espingarda
calibre 12, duas pistolas e um
revólver -todas de uso restrito.
Também foram detidos o ex-comandante da PM José Acírio
Nascimento e Rafael Albuquerque, irmão do presidente da Assembléia, Antonio Albuquerque (DEM). A fazenda de Antonio Albuquerque, que é aliado
do senador Renan Calheiros
(PMDB-AL), foi alvo de busca e
apreensão -duas armas foram
recolhidas. O prefeito de Roteiro, Flávio Jatobá (PTB), e um
agente da PF suspeito de vazar
dados para a suposta quadrilha
também foram presos.
Cerco
A Assembléia, que funciona
provisoriamente na Associação
Comercial de Maceió por causa
de uma reforma, amanheceu
cercada por policiais. Assessores e secretárias foram presos.
A operação, batizada de Taturana, cumpriu 79 mandados
de busca e apreensão e 40 de
prisão em oito cidades de Alagoas, Pernambuco e São Paulo.
O nome é alusão à lagarta que
come folhas continuamente.
A suposta fraude começou a
ser apurada há um ano e seis
meses, a partir de reclamações
de pessoas que não conseguiam
fazer a declaração como isentas
por aparecer na Receita como
funcionárias da Assembléia.
O delegado Janderlyer Gomes, que chefiou a operação,
disse que os 27 deputados alagoanos podem ter até 25 funcionários. Para atingir o número, alguns são suspeitos de
preencher vagas com funcionários fantasmas, que receberiam
de R$ 500 a R$ 5.000.
O delegado disse que houve
busca e apreensão no gabinete
e nas casas de dez deputados
estaduais, incluindo Ferro, e
nas dos demais envolvidos.
Ferro foi o único deputado preso, por causa do flagrante de
porte ilegal de arma.
Os outros nove deputados foram intimados ontem a depor.
Os integrantes do esquema serão indiciados sob suspeita
de estelionato, crime contra o
sistema financeiro, lavagem
de dinheiro, peculato, corrupção passiva e formação
de quadrilha.
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