|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REFORMA AGRÁRIA
Assentados recebem R$ 3,7 mi
MST e BB fecham
acordo sobre Pontal
CLÁUDIA TREVISAN
da Reportagem Local
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o BB
(Banco do Brasil) e o Incra chegaram ontem a um acordo para viabilizar a liberação de R$ 3,7 milhões destinados a projetos agroindustriais que serão desenvolvidos
por assentados do Pontal do Paranapanema (SP).
Os recursos são do Procera (Programa de Crédito Especial para a
Reforma Agrária) e estão disponíveis desde o final de novembro,
mas ainda não foram liberados por
dificuldades no cumprimento das
exigências contratuais.
A verba será aplicada na construção de um laticínio e de uma indústria cerealista. Os projetos serão implementados pela Cocamp,
cooperativa que reúne assentados
do Pontal do Paranapanema.
O atraso na liberação do financiamento levou o MST a promover
o bloqueio de agências do BB no
Pontal em dezembro passado.
Em reunião de cinco horas realizada ontem em São Paulo, os envolvidos na operação decidiram
tornar flexíveis algumas regras.
Propriedade
Um dos principais entraves à
operação era a exigência de que a
cooperativa comprovasse a propriedade dos terrenos onde os empreendimentos serão construídos.
O problema é que as áreas serão
doadas por prefeituras da região,
provavelmente de Euclides da Cunha ou de Teodoro Sampaio. A
doação ainda não ocorreu, o que
impede a cooperativa de apresentar o título de propriedade.
Para contornar esse entrave, as
partes decidiram dividir a operação em dois contratos: um para a
construção e outro para a compra
de equipamentos. Com isso, os recursos para os equipamentos poderão ser liberados independentemente da propriedade da área.
Outro obstáculo era a exigência
de que todos os associados da cooperativa assinassem, antes da realização do contrato, documentos
de garantia de pagamento do empréstimo (cédulas-filhas).
Na reunião, decidiu-se que os recursos poderão ser liberados apenas com a assinatura do contrato
pelos representantes da cooperativa (a cédula-mãe). A Cocamp terá
então prazo para recolher as assinaturas de seus associados.
Maior operação
O presidente do Incra e ministro
interino da Agricultura, Milton
Seligman, atribuiu as dificuldades
ao tamanho da operação. "Esse é
o maior contrato do Procera feito
até hoje e ele não cabe nas normas
que vinham sendo utilizadas", disse Seligman depois da reunião.
Gilmar Mauro, da coordenação
nacional do MST, acusa o BB de ter
tido "falta de vontade" para solucionar o problema. O banco rebate
dizendo que obedecia às regras estabelecidas pelo Procera.
A comissão estadual do Procera
vai se reunir hoje para modificar as
exigências que havia aprovado anteriormente. A expectativa é que
os contratos sejam assinados na
próxima semana.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|