São Paulo, segunda-feira, 08 de janeiro de 2007

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Campanha mais modesta teve a "ajuda de Deus"

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Na contramão da corrida por doadores, três deputados federais eleitos bancaram a própria campanha para a Câmara. A arrecadação deles ficou bem abaixo da média de R$ 503 mil dos 513 eleitos.
Presidente nacional da Igreja do Evangelho Quadrangular, o pastor Mario de Oliveira (PSC-MG) gastou R$ 43,2 mil. Seu patrimônio, segundo declarou à Justiça Eleitoral, atinge R$ 2,3 milhões.
Oliveira, segundo o presidente do PSC-MG, Geraldo Faria, não recusa doações de terceiros, mas não teria contado com outro meio que não a igreja. "Ele é remunerado e tem os seus recursos."
De acordo com Faria, o gasto do pastor foi baixo porque ele "mantém contato direto com os fiéis, que são seus eleitores". Oliveira gastou apenas com publicidade em placas, faixas e em jornais ou revistas, segundo a prestação de contas ao TRE.
O cantor gospel Marcos Antonio da Hora (PSC-PE) teve a arrecadação mais baixa entre os 513 eleitos. E bancou toda ela: foram R$ 5.700 de recursos próprios investidos na campanha. "Não tive ajuda de partido. Só de Deus e do povo. As pessoas fizeram propaganda e deu no que deu: 62 mil votos."
Enéas Carneiro (PR-SP) teve a segunda campanha mais barata para a Câmara: R$ 6.047,07. Ele não falou com a Folha.

Doações milionárias
Bancando 99,4% da própria campanha, o deputado federal reeleito Odilio Balbinotti (PMDB-PR) -segundo eleito mais rico, com patrimônio declarado de R$ 123,8 milhões- gastou R$ 1,1 milhão em sua campanha: "[Quando recorre-se a doação] há mais facilidade de ficar vinculado a grupos. Mas não condeno quem pede doação".
Ex-governador de Sergipe, Albano Franco (PSDB) diz chegar à Câmara 30% menos rico, após bancar 91,9% de sua campanha. Segundo ele, a candidatura foi decidida "de última hora", o que teria inviabilizado a busca por doação.
"Entrei [na eleição] para ajudar o [candidato à Presidência Geraldo] Alckmin." A "ajuda" custou R$ 1 milhão. "Tenho meus recursos. E parte do dinheiro também veio de meus filhos, que administram os negócios", conta.
Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) doou R$ 1,13 milhão para a própria campanha, valor equivalente a 71,3% do patrimônio declarado. A Folha não conseguiu localizá-lo.
Os 513 eleitos investiram R$ 33,6 milhões de recursos próprios nas campanhas. O montante equivale a 13% do total arrecadado pelos candidatos eleitos e a 2,7% do patrimônio somado. A média de recursos próprios doados é de R$ 65 mil. (IN)


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