|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Corte em emendas atingiria áreas sociais
Se governo reduzir gastos com emendas coletivas para compensar fim de CPMF, investimentos em saúde e educação serão afetados
Por ser suprapartidária, esse tipo de emenda é destinada a projetos mais amplos, tem valores elevados e interessa a governadores e prefeitos
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Se o governo realmente fizer
um corte profundo nas emendas coletivas ao Orçamento para compensar a perda da CPMF
(Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira),
como vem prometendo, será
obrigado a atingir a área social.
Isso contraria o discurso do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e de vários ministros desde que o chamado imposto do
cheque foi derrubado no Senado, de que pastas sociais seriam
preservadas.
A pasta da Saúde, por exemplo, recebeu na proposta em
tramitação de Orçamento para
2008 cerca de R$ 1,1 bilhão em
emendas coletivas, somando as
apresentadas conjuntamente
pelos parlamentares de um determinado Estado e as propostas feitas por comissões temáticas do Congresso Nacional.
Para o desenvolvimento urbano, que inclui ações sociais
como saneamento e habitação,
o Orçamento recebeu um valor
ainda maior: R$ 1,25 bilhão.
Ações nas áreas de educação,
cultura, ciência e tecnologia e
esporte somam R$ 764 milhões
em emendas coletivas, enquanto a Integração Nacional ficou
com R$ 740 milhões. Programas relacionados a trabalho e
assistência social contam com
R$ 138 milhões.
As emendas coletivas são suprapartidárias, propostas por
deputados e senadores para
projetos que, em tese, têm impactos em regiões mais amplas.
Por isso, prefeitos e governadores de grandes cidades estimulam parlamentares a apresentar esse tipo de emendas.
O Planejamento avalia que o
corte dessas emendas é politicamente mais palatável do que
no caso das individuais, justamente por terem sua autoria
diluída entre dezenas de parlamentares. Mas, por serem mais
amplas, seu represamento pelo
Executivo prejudicaria mais a
população.
Quando o Orçamento começou a tramitar, no segundo semestre do ano passado, foram
apresentadas R$ 57,39 bilhões
em emendas coletivas. Desde
então, elas já passaram por
uma forte peneira em dezembro, quando foram votados relatórios setoriais de cada área.
Foram incluídas nos relatórios setoriais R$ 7,18 bilhões
em emendas coletivas. A expectativa é que mais R$ 4,7 bilhões
sejam acrescentados em janeiro, quando ficar pronta a reestimativa de receita preparada pelo senador Francisco Dornelles
(PP-RJ), um dos integrantes da
Comissão Mista de Orçamento.
Todas estão sob risco de serem cortadas quando a versão
final do Orçamento for aprovada, embora o governo venha dizendo que pode preservar até
30% das emendas coletivas.
"Tudo vai ser atingido. Não
existe a possibilidade de algum
ministério ser totalmente poupado enquanto outros sofrem
cortes, até porque os partidos
políticos prejudicados não
aceitariam isso", disse Ricardo
Barros (PP-PR), vice-líder do
governo na Câmara dos Deputados.
Objetivos
As emendas coletivas têm
propósitos variados. Na Saúde,
por exemplo, a maior emenda é
de R$ 130 milhões, proposta
pela bancada paulista genericamente para "aquisição de equipamentos em unidades de saúde". No outro extremo, a bancada de Tocantins reservou
R$ 5 milhões para construção
do Hospital Geral no município
de Araguaína.
Na educação, há, por exemplo, emendas de R$ 20 milhões
para transporte escolar em Minas Gerais, R$ 10 milhões para
a construção de uma biblioteca
em Campina Grande (PB) e R$
6,3 milhões para compra de
aparelhos de pesquisa na Universidade Federal da Bahia.
Para a oposição, o governo
deveria promover os cortes em
emendas que têm características "eleitoreiras", como as de
infra-estrutura. "Espero que na
medida do possível seja preservado o investimento nas áreas
mais sensíveis à população,
principalmente educação e
saúde", disse o deputado ACM
Neto (DEM-BA).
Texto Anterior: Aliados acusam DEM de defender bancos Próximo Texto: Memória Índice
|