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Aliados acusam DEM de defender bancos
Partido da oposição questiona no Supremo os aumentos das alíquotas de IOF e CSLL para compensar o fim da CPMF
Presidente do Senado vai analisar possibilidade de convocar parlamentares no recesso; oposição quer avaliar aumento de imposto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A decisão do DEM de questionar no STF (Supremo Tribunal Federal) o aumento de impostos promovido pelo governo federal para compensar as
perdas com o fim da CPMF deu
munição para que os aliados do
presidente Lula acusem a oposição de defender interesses de
instituições financeiras.
"O argumento de que as alíquotas serão diferentes faz cair
a máscara da oposição. Para
derrubar a CPMF eles argumentaram que estavam lutando pelos mais pobres e agora
querem que os bancos paguem
o mesmo que a pessoa física?",
questionou o líder do PT na Câmara, Luiz Sérgio (RJ).
"É legítimo que a oposição
queira defender o lucro dos
bancos. Mas só vi político reclamar, banqueiro, não", disse o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).
Ontem, o DEM ingressou
com Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) no Supremo contra o aumento do IOF
(Imposto sobre Operação Financeira) e promete entrar hoje contra o CSLL (Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido).
No caso do IOF, a justificativa do DEM é que o aumento da
alíquota terá impacto de qualquer forma sobre a população.
"O governo aposta na ignorância da sociedade. Claro que o
povo acabará pagando mais, já
que o mais pobre é o que mais
compra a prestação", disse o senador Demóstenes Torres
(GO). O DEM argumenta ainda
que todos deveriam pagar a
mesma alíquota. Com o pacote,
as alíquotas passarão a ser diferentes para pessoas físicas e
bancos, por exemplo.
Em relação à CSLL , os advogados do DEM alegam que o governo viola o princípio de "irretroatividade tributária", ou seja, como anunciou a elevação
da contribuição em 2008, só
poderia cobrá-la em 2009. Para
o DEM, há ausência de relevância e urgência no aumento.
Convocação
O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), se
reúne hoje com o advogado-geral da Casa, Alberto Machado
Cascais Meleiro, para discutir a
possibilidade de convocação da
Comissão Representativa do
Congresso, formada por 17 deputados e oito senadores. Eles
são convocados durante o recesso e têm poder de decidir sobre propostas do legislativo
consideradas urgentes.
O senador Álvaro Dias
(PSDB-PR) prometeu protocolar hoje na Mesa Diretora projeto de decreto legislativo para
convocar a comissão que teria o
objetivo de analisar o decreto
presidencial que elevou o IOF.
No último dia 3 o deputado
Arnaldo Jardim (PPS-SP) protocolou requerimento semelhante, pedindo a convocação
da comissão para analisar projeto que exige das instituições
financeiras o repasse de dados
de transações financeiras.
Garibaldi, que chegou a Brasília ontem, disse que ainda não
decidiu sobre a convocação.
"Há o lado jurídico e o político.
Ainda não cheguei a uma conclusão", afirmou.
Além das ações na Justiça, a
oposição promete dificultar as
votações no Congresso na volta
do recesso. O presidente do
DEM, deputado Rodrigo Maia
(RJ), afirma que o governo e o
seu líder no Senado perderam
toda a credibilidade para o diálogo ao "prometerem uma coisa e fazerem outra".
"O governo agiu de uma maneira completamente cínica,
atrapalhada e desrespeitosa. O
mínimo que a sociedade espera
de um político é a reação."
(MARIA CLARA CABRAL e LUCAS FERRAZ)
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