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GOVERNO X PT
Presidente se reúne com líderes de diretórios petistas para explicar política econômica de sua administração
Lula vai ao PT e presta conta sobre Meirelles
LEILA SUWWAN
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva interrompeu sua agenda ontem pela manhã para conversar
com presidentes dos diretórios
regionais do PT, que estavam reunidos em Brasília, e aproveitou
para explicar a política econômica
de seu governo e a indicação de
Henrique Meirelles para a presidência do Banco Central. Os dois
pontos têm sido alvos de críticas
da esquerda do partido.
"O mercado é importante e por
isso o presidente do Banco Central representa muito. A minha
responsabilidade é grande, não
podemos falhar nessa situação
econômica. A escolha do presidente do Banco Central influencia
o mercado". Foi o que disse Lula,
de acordo com Wilmar Lacerda,
presidente do diretório do DF.
Lula teria pedido "um pouco de
paciência" com o governo. O presidente elogiou a transição, mas
disse que a situação do governo só
foi conhecida após a posse, no
contato direto com a administração. Ele também expressou otimismo e classificou o primeiro
mês de governo de proveitoso,
com conquistas na política externa e na área social.
O encontro foi informal e não
estava programado. Lula foi tratado como "companheiro" e conversou com os representantes do
PT por cerca de 40 minutos, chamando todos pelo nome. Sua presença foi considerada pelos participante como um "gesto político
muito importante".
Meirelles é ex-presidente mundial do banco norte-americano
FleetBoston e foi eleito deputado
federal pelo PSDB. Sua indicação
foi criticada principalmente pela
senadora Heloísa Helena (PT-AL). Segundo outro participante
da reunião, Lula pediu compreensão dos chamados "radicais" com
relação às decisões econômicas.
"Até sei que não falam com
maldade, mas muitas vezes as
pessoas não sabem as consequências do que falam. As pessoas têm
que entender que estamos fazendo o possível, que a situação não é
fácil e que foi por isso que eu escolhi uma pessoa como o Henrique
Meirelles", disse Lula, ainda segundo o relato.
O presidente disse também que
a conjuntura econômica internacional não permite que "qualquer
pessoa" seja colocada no BC.
Lula mostrou entusiasmo pelas
"escolhas acertadas" de nomes
para a área econômica, especialmente com a possibilidade de
guerra entre os Estados Unidos e
o Iraque, que afetaria o preço do
dólar e do petróleo.
"Ele [Lula] estava feliz com as
indicações que fez e pelo desempenho que tiveram na economia.
Ele disse que não se pode colocar
qualquer pessoa no BC por causa
da economia mundial", disse o
deputado Josias Gomes, presidente do diretório baiano.
"Lula também disse que a área
econômica entendeu bem o seu
papel e que não haverá mais aquela primazia econômica e financeira sobre o Estado", disse Gomes.
As explicações de Lula foram
dadas no mesmo dia em que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, anunciou a meta de superávit primário (economia de gastos do governo) de 4,25%, medida
que agrada ao mercado.
Encontro
O porta-voz da Presidência, André Singer, disse que Lula não
quis comentar o encontro com os
presidente dos diretórios. A assessoria do Planalto não forneceu
detalhes da visita.
Em reunião nacional anteontem, os presidentes dos diretórios
estaduais do PT reclamaram da
falta de informações diretas do
governo federal, necessárias, segundo eles para defender as ações
do Executivo e mobilizar as bases
regionais em torno das pretendidas reformas previdenciária, tributária e trabalhista.
No encontro, ficou acertado que
haverá um estreitamento de relações entre o governo e o partido,
com maior articulação com os Estados. O diretório do Distrito Federal terá uma estrutura maior, para servir de ponte entre a Esplanada e os Estados.
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