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São Paulo, sábado, 08 de fevereiro de 2003

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GOVERNO X PT

Presidente se reúne com líderes de diretórios petistas para explicar política econômica de sua administração

Lula vai ao PT e presta conta sobre Meirelles

LEILA SUWWAN
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva interrompeu sua agenda ontem pela manhã para conversar com presidentes dos diretórios regionais do PT, que estavam reunidos em Brasília, e aproveitou para explicar a política econômica de seu governo e a indicação de Henrique Meirelles para a presidência do Banco Central. Os dois pontos têm sido alvos de críticas da esquerda do partido.
"O mercado é importante e por isso o presidente do Banco Central representa muito. A minha responsabilidade é grande, não podemos falhar nessa situação econômica. A escolha do presidente do Banco Central influencia o mercado". Foi o que disse Lula, de acordo com Wilmar Lacerda, presidente do diretório do DF.
Lula teria pedido "um pouco de paciência" com o governo. O presidente elogiou a transição, mas disse que a situação do governo só foi conhecida após a posse, no contato direto com a administração. Ele também expressou otimismo e classificou o primeiro mês de governo de proveitoso, com conquistas na política externa e na área social.
O encontro foi informal e não estava programado. Lula foi tratado como "companheiro" e conversou com os representantes do PT por cerca de 40 minutos, chamando todos pelo nome. Sua presença foi considerada pelos participante como um "gesto político muito importante".
Meirelles é ex-presidente mundial do banco norte-americano FleetBoston e foi eleito deputado federal pelo PSDB. Sua indicação foi criticada principalmente pela senadora Heloísa Helena (PT-AL). Segundo outro participante da reunião, Lula pediu compreensão dos chamados "radicais" com relação às decisões econômicas.
"Até sei que não falam com maldade, mas muitas vezes as pessoas não sabem as consequências do que falam. As pessoas têm que entender que estamos fazendo o possível, que a situação não é fácil e que foi por isso que eu escolhi uma pessoa como o Henrique Meirelles", disse Lula, ainda segundo o relato.
O presidente disse também que a conjuntura econômica internacional não permite que "qualquer pessoa" seja colocada no BC.
Lula mostrou entusiasmo pelas "escolhas acertadas" de nomes para a área econômica, especialmente com a possibilidade de guerra entre os Estados Unidos e o Iraque, que afetaria o preço do dólar e do petróleo.
"Ele [Lula] estava feliz com as indicações que fez e pelo desempenho que tiveram na economia. Ele disse que não se pode colocar qualquer pessoa no BC por causa da economia mundial", disse o deputado Josias Gomes, presidente do diretório baiano.
"Lula também disse que a área econômica entendeu bem o seu papel e que não haverá mais aquela primazia econômica e financeira sobre o Estado", disse Gomes.
As explicações de Lula foram dadas no mesmo dia em que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, anunciou a meta de superávit primário (economia de gastos do governo) de 4,25%, medida que agrada ao mercado.

Encontro
O porta-voz da Presidência, André Singer, disse que Lula não quis comentar o encontro com os presidente dos diretórios. A assessoria do Planalto não forneceu detalhes da visita.
Em reunião nacional anteontem, os presidentes dos diretórios estaduais do PT reclamaram da falta de informações diretas do governo federal, necessárias, segundo eles para defender as ações do Executivo e mobilizar as bases regionais em torno das pretendidas reformas previdenciária, tributária e trabalhista.
No encontro, ficou acertado que haverá um estreitamento de relações entre o governo e o partido, com maior articulação com os Estados. O diretório do Distrito Federal terá uma estrutura maior, para servir de ponte entre a Esplanada e os Estados.


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