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São Paulo, sábado, 08 de fevereiro de 2003

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João Paulo propõe "lei do silêncio" para abrandar crise interna no PT

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT), quer os petistas da Casa, radicais ou não, de boca fechada. Para o parlamentar, o silêncio seria a melhor forma de abrandar a crise interna provocada pelas críticas dos chamados radicais do partido ao governo Lula.
"No PT, nós somos todos radicais. O problema é que esse debate está sendo potencializado. Temos 92 deputados e 14 senadores. As críticas, com certeza não expressam a opinião da maioria. Tem gente falando demais. Não importa de que lado, seria bom o PT parar de falar", disse ele.
Além de pregar uma espécie de "lei do silêncio", João Paulo afirmou que a crise deve ser debatida internamente pelo partido e, fechado um consenso em torno do assunto, os que discordarem devem ser punidos.
"O PT já perdeu bons companheiros pela esquerda e pela direita. Essa prática vai continuar. Quando fechar questão, quem não respeitar, vai ser punido."
Como exemplo, ele citou a proposta da reforma da Previdência que o governo deve encaminhar à Câmara neste semestre. "Quando definirmos uma posição do PT sobre o assunto, aí todo mundo vai ter que seguir", disse.
O presidente da Câmara não citou nomes, mas, questionado sobre as posições da senadora Heloísa Helena (PT-AL) e do deputado Babá (PT-PA), que criticaram o governo, João Paulo disse que alguns parlamentares deviam refletir antes de buscar uma "fotografia, um flash".
As declarações foram feitas em entrevista coletiva que o presidente da Câmara concedeu em Osasco (SP), sua cidade natal.
Ele saiu em defesa da política econômica conduzida pelo ministro Antonio Palocci (PT), alvo dos ataques dos próprios petistas.
"O Palocci pegou uma casa em situação muito ruim, mas que estava em pé. Não adianta começar a reforma pelo alicerce, porque ela pode desmoronar", disse, comparando a casa ao país.

"Grosserias"
Em Brasíla, o presidente do PT, José Genoino, baixou o tom das críticas aos radicais. "Vamos superar essa fase de algumas grosserias e alguns bate-bocas para construir uma unidade política. Vamos gastar menos energia com a discussão com alguns companheiros e nos concentrar nos projetos do partido e nos debates com o partido e as bancadas."


Colaborou a Sucursal de Brasília


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