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A MORTE DE COVAS
Santistas se aglomeram em calçadas para saudar governador nascido na cidade; PSDB distribui bandeiras para a população
15 mil pessoas saem às ruas em Santos
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
Cerca de 15 mil pessoas saíram
ontem às ruas de Santos (418 mil
habitantes, no litoral paulista) para se despedir do conterrâneo
Mário Covas durante o cortejo fúnebre entre a entrada da cidade e
o cemitério do Paquetá, onde o
corpo do governador foi enterrado na tarde ontem.
A avaliação é do comando local
da Polícia Militar, que empregou
550 homens e 50 veículos no esquema de segurança. Segundo o
major Aílton Araújo Brandão,
não houve incidentes.
Desde as primeiras horas da
manhã, um clima de expectativa
cercava a chegada do cortejo.
Apesar do ponto facultativo para
servidores públicos, os bancos e o
comércio não fecharam, e as pessoas se reuniam nos bares e restaurantes para assistir pela televisão a transmissão do cortejo a saída do Palácio dos Bandeirantes,
em São Paulo.
Bandeiras
O PSDB de Santos contratou 30
pessoas e arregimentou outros 80
voluntários para distribuir pelo
centro da cidade 12 mil bandeiras
amarelas com a inscrição "Covas", em letras azuis, e pequenas
bandeiras do Estado de São Paulo,
segundo o tesoureiro do diretório
local do partido, José de Souza
Santos.
Na avenida São Francisco, onde
a escolta do caixão foi transferida
dos motociclistas da Polícia Militar para um regimento de cavalaria, os lojistas baixaram as portas
enquanto as pessoas se aglomeravam nas calçadas dos dois lados
da via para saudar a passagem do
cortejo.
O bloqueio do trânsito em nove
das principais ruas da região central da cidade provocou congestionamentos nos arredores da
área interditada, principalmente
de caminhões que se dirigiam à
zona portuária.
Calor
Fazia muito calor. Às 13h, momento em que o carro do Corpo
de Bombeiros que transportava o
corpo de Covas chegou à praça
José Bonifácio, onde o governador recebeu honras militares, os
termômetros de rua sob o sol indicavam 41ºC.
Delegações de militantes tucanos vieram de várias cidades do
interior do Estado. Uma das
maiores, com quatro ônibus, era a
de Itu (a cerca de 180 km de Santos), que reuniu 150 pessoas, todas trajadas com camisetas com a
foto de Covas e a inscrição "Itu jamais te esquecerá!".
Ao longo da estreita calçada, de
menos de dois metros de largura,
da rua Dr. Cochrane, em frente ao
cemitério do Paquetá, cerca de
3.500 pessoas, de acordo com a
PM, se amontoavam à espera de
Covas. Elas não puderam entrar
no cemitério porque o enterro ficou restrito a 1.500 autoridades e
familiares.
No dia anterior, a Prefeitura de
Santos havia realizado serviços de
limpeza nas ruas do bairro do Paquetá, um dos mais antigos e degradados da cidade. Muitos dos
velhos casarões de época do bairro, alguns em frente ao cemitério,
se tornaram cortiços, cujos cômodos são alugados para diferentes
famílias.
Vaias
Os dois principais rivais da política santista, o prefeito Beto Mansur (PPB) e a deputada federal e
ex-prefeita Telma de Souza (PT)
suscitaram reações distintas entre
os moradores do bairro que assistiam das janelas e da calçada.
Derrotada por Mansur na eleição do ano passado, na qual recebeu o apoio de Covas no segundo
turno, Telma de Souza foi ovacionada. O prefeito, vaiado.
Levado para a vida política por
Covas em 1988, quando se filiou
ao PSDB e se elegeu vereador,
Mansur afirmou que a Prefeitura
de Santos já está escolhendo um
local na avenida Portuária para
erguer uma estátua de corpo inteiro do governador.
Um projeto enviado à Câmara
Municipal muda o nome da avenida, que margeia parte do cais do
porto, para Governador Mário
Covas.
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