São Paulo, quinta-feira, 08 de março de 2001

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A MORTE DE COVAS

Santistas se aglomeram em calçadas para saudar governador nascido na cidade; PSDB distribui bandeiras para a população

15 mil pessoas saem às ruas em Santos

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Cerca de 15 mil pessoas saíram ontem às ruas de Santos (418 mil habitantes, no litoral paulista) para se despedir do conterrâneo Mário Covas durante o cortejo fúnebre entre a entrada da cidade e o cemitério do Paquetá, onde o corpo do governador foi enterrado na tarde ontem.
A avaliação é do comando local da Polícia Militar, que empregou 550 homens e 50 veículos no esquema de segurança. Segundo o major Aílton Araújo Brandão, não houve incidentes.
Desde as primeiras horas da manhã, um clima de expectativa cercava a chegada do cortejo. Apesar do ponto facultativo para servidores públicos, os bancos e o comércio não fecharam, e as pessoas se reuniam nos bares e restaurantes para assistir pela televisão a transmissão do cortejo a saída do Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo.

Bandeiras
O PSDB de Santos contratou 30 pessoas e arregimentou outros 80 voluntários para distribuir pelo centro da cidade 12 mil bandeiras amarelas com a inscrição "Covas", em letras azuis, e pequenas bandeiras do Estado de São Paulo, segundo o tesoureiro do diretório local do partido, José de Souza Santos.
Na avenida São Francisco, onde a escolta do caixão foi transferida dos motociclistas da Polícia Militar para um regimento de cavalaria, os lojistas baixaram as portas enquanto as pessoas se aglomeravam nas calçadas dos dois lados da via para saudar a passagem do cortejo.
O bloqueio do trânsito em nove das principais ruas da região central da cidade provocou congestionamentos nos arredores da área interditada, principalmente de caminhões que se dirigiam à zona portuária.

Calor
Fazia muito calor. Às 13h, momento em que o carro do Corpo de Bombeiros que transportava o corpo de Covas chegou à praça José Bonifácio, onde o governador recebeu honras militares, os termômetros de rua sob o sol indicavam 41ºC.
Delegações de militantes tucanos vieram de várias cidades do interior do Estado. Uma das maiores, com quatro ônibus, era a de Itu (a cerca de 180 km de Santos), que reuniu 150 pessoas, todas trajadas com camisetas com a foto de Covas e a inscrição "Itu jamais te esquecerá!".
Ao longo da estreita calçada, de menos de dois metros de largura, da rua Dr. Cochrane, em frente ao cemitério do Paquetá, cerca de 3.500 pessoas, de acordo com a PM, se amontoavam à espera de Covas. Elas não puderam entrar no cemitério porque o enterro ficou restrito a 1.500 autoridades e familiares.
No dia anterior, a Prefeitura de Santos havia realizado serviços de limpeza nas ruas do bairro do Paquetá, um dos mais antigos e degradados da cidade. Muitos dos velhos casarões de época do bairro, alguns em frente ao cemitério, se tornaram cortiços, cujos cômodos são alugados para diferentes famílias.

Vaias
Os dois principais rivais da política santista, o prefeito Beto Mansur (PPB) e a deputada federal e ex-prefeita Telma de Souza (PT) suscitaram reações distintas entre os moradores do bairro que assistiam das janelas e da calçada.
Derrotada por Mansur na eleição do ano passado, na qual recebeu o apoio de Covas no segundo turno, Telma de Souza foi ovacionada. O prefeito, vaiado.
Levado para a vida política por Covas em 1988, quando se filiou ao PSDB e se elegeu vereador, Mansur afirmou que a Prefeitura de Santos já está escolhendo um local na avenida Portuária para erguer uma estátua de corpo inteiro do governador.
Um projeto enviado à Câmara Municipal muda o nome da avenida, que margeia parte do cais do porto, para Governador Mário Covas.


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