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Esquema mantém população longe
LUIZ CAVERSAN
ENVIADO ESPECIAL A SANTOS
Cerca de 3.500 santistas, que se
aglomeraram na praça José Bonifácio, sob um sol de cerca de
40C, para dar seu último adeus
ao conterrâneo Mário Covas, tiveram de fazê-lo à distância, a maioria sem nem sequer ver o caixão
que transportava o corpo do governador, santista de nascimento.
Cerca de 600 soldados da Polícia
Militar seguiram à risca a orientação do Palácio dos Bandeirantes e
permitiram que apenas convidados transpusessem o cordão de
isolamento que cortava a praça ao
meio.
Assim, quando o caixão com o
corpo de Covas foi retirado do
carro do Corpo de Bombeiros para as honras militares, os milhares
de admiradores do governador e
curiosos presentes ficaram retidos a pelo menos 50 metros de
distância. Houve protestos, mas
nenhuma confusão.
Também a homenagem militar
não foi o que se esperava. A salva
de três tiros de fuzis (quantidade
destinada a governadores de Estado; para presidentes são 21) foi
abafada pelo forte ruído provocado pelos 15 helicópteros de veículos de comunicação, do governo
do Estado e da polícia que sobrevoavam a praça, localizada no
centro histórico de Santos.
Restou aos presentes assistir à
marcha dos 220 cadetes da PM
participantes da solenidade, que
desfilaram em traje de gala, usando casacas azul-marinho e capacetes com penacho vermelho.
O único momento em que houve efetiva participação popular
ocorreu quando o féretro retornou ao carro dos bombeiros para
seguir ao cemitério, este também
vedado à população. Nesse momento, o caixão em que se encontrava o corpo do governador foi
recoberto com a bandeira do Santos Futebol Clube, o que arrancou
aplausos dos presentes.
"Não deviam ter feito isso com a
gente", afirmou a comerciária
Shirlei de Castro, 25, uma das
muitas pessoas que protestaram
porque queriam apenas "chegar
perto do Covas pela última vez".
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