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ALIADOS EM CRISE
Primeiro relatório do Banco Central sobre desvio cita também fundo de desenvolvimento do Estado
Mais depósitos ligam Jader ao Banpará
ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mais dois depósitos na conta
corrente do presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA),
estabelecem sua ligação com o suposto desvio de recursos do Banpará (Banco do Estado do Pará),
segundo relatório da fiscalização
do Banco Central.
Em 29 de novembro de 1984, a
conta corrente que Barbalho
mantinha na agência Jardim Botânico do Banco Itaú recebeu um
depósito de Cr$ 4.481.088,00.
Segundo rastreamento do BC, o
dinheiro tinha duas origens: recursos desviados do Banpará e
uma série de cheques emitidos
por pessoas não identificadas.
Do Banpará foram desviados
Cr$ 800 milhões, por meio de dois
cheques administrativos, com o
valor de Cr$ 400 milhões cada.
O dinheiro saiu a pretexto de
pagar rendimentos de aplicações
financeiras feitas por clientes do
Banpará. Mas o relatório diz que
essas aplicações nunca existiram e
que, na verdade, o dinheiro foi
desviado do banco.
Depósito
O outro depósito na conta de
Barbalho (Cr$ 196.706,00) ocorreu em 7 de novembro de 1984, segundo relatório elaborado pelo
inspetor do BC Abrahão Patruni
Júnior em 1990.
O dinheiro teve duas origens:
recursos desviados da conta que o
Fundepará (Fundo de Desenvolvimento do Estado do Pará) mantinha no Banpará e uma série de
cheques emitidos por pessoas não
identificadas.
O dinheiro foi desviado do Fundepará por meio de três cheques
administrativos do Banpará.
A fiscalização do BC rastreou o
caminho do dinheiro e descobriu
que, na verdade, os recursos saíram da conta de reservas bancárias -uma espécie de conta corrente que todos os bancos são
obrigados a manter no BC.
Pelo relatório, o dinheiro foi
transferido da conta de reservas
bancárias para a conta do Fundepará. E, dessa conta, o dinheiro foi
desviado para a agência Jardim
Botânico do Itaú, por meio de três
cheques administrativos.
Outras quatro operações ligam
Barbalho ao desvio de recursos,
segundo Patruni. Em duas delas,
o então governador do Pará investiu recursos próprios em aplicações ao portador que, no mesmo dia, foram alimentadas por
recursos desviados pelo Banpará.
Rastreamento
Todas as seis operações constam do primeiro relatório elaborado por Patruni, em 1990.
Em seguida, o mesmo fiscal fez
o rastreamento dos recursos desviados do Banpará e descobriu
que, depois de investidos em aplicações ao portador na agência
Jardim Botânico do Itaú, os recursos foram levantados por Barbalho, seus familiares e pessoas e
empresas a ele ligadas.
Tais conclusões estão em um segundo relatório elaborado pelo
BC, cuja íntegra ainda não foi tornada pública.
Barbalho e o Ministério Público
do Pará pediram cópias dos relatórios ao BC. A instituição está
avaliando os pedidos e deve dar
uma resposta nos próximos dias.
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