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ALIADOS EM CRISE
Agenda prevê metas e tenta recompor base no Congresso
FHC envia a partidos plano para final de seu mandato
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso entregou ontem aos
cinco partidos que o apóiam a
"Agenda de Governo: Biênio
2001-2002", plano de investir R$
67,2 bilhões em programas sociais
e desenvolvimento nos dois últimos anos de mandato.
"A agenda não é ficção. Possui
projetos orçados, realistas e importantes para o país, que tem,
pela primeira vez, um horizonte
de crescimento econômico para
os próximos dez anos", diz o ministro Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral). "Na parte política,
o presidente deixa claro que apóia
a reforma política", afirma.
O governo também prevê um
crescimento de 4,5% ao ano entre
2001 e 2002, fechando os dez anos
iniciados em 1993 com uma taxa
de crescimento de mais de 40%.
Fechado às pressas, o documento é também uma tentativa de
reorganizar a base de FHC no
Congresso. Ele quer mostrar aos
aliados que terá cacife em 2002
(eleições para a Presidência, governos e Legislativos federal e estaduais) e que eles colherão dividendos políticos se o apoiarem.
No longo prazo, buscará adicionar um ingrediente social à imagem do presidente. A marca principal do mandato de FHC tem sido a do combate à inflação.
Prioridades
Os projetos prioritários para o
governo no Congresso são:
1) Busca de uma solução para a
extinção da CPMF (Contribuição
Provisória sobre Movimentação
Financeira), prevista para julho
de 2002. Ou seja, quer o apoio dos
aliados para definir neste semestre se substitui ou prorroga a
CPMF a fim de ter cerca de R$ 8
bilhões na reta final do governo,
período da sucessão presidencial;
2) Negociar a limitação do poder das medidas provisórias, mas
derrubando o artigo 246 da Constituição. Esse artigo proíbe que sejam editadas MPs a respeito de
matérias que tenham sido objeto
de reforma constitucional;
3) Garantir a autonomia operacional do Banco Central com
mandato fixo para a diretoria;
4) Insistir na contribuição previdenciária dos servidores inativos, derrubada quatro vezes no
Congresso -na única vez em que
foi aprovada, foi rejeitada pelo Supremo Tribunal Federal.
Reaproveitamento
Os programas sociais e de desenvolvimento (obras, por exemplo) já existem, porém agora serão definidas prioridades.
A única "novidade" é o Bolsa-Alimentação -proposta de renda mínima para famílias com
crianças de até 6 anos, gestantes e
mães sob risco de desnutrição que
estejam amamentando. O programa substitui a distribuição de cestas básicas, extinta em 2000.
Esse programa ficará a cargo do
Ministério da Saúde, pasta que, ao
lado da Educação, foi priorizada
para investimentos. O ministro
da Saúde é o tucano José Serra,
presidenciável pelo qual FHC
vem dando sinais de preferência.
Serra terá ainda R$ 2,6 bilhões
para investir em saneamento básico em 2.318 cidades do Projeto
Alvorada, que atende cidades pequenas e com baixo IDH (Índice
de Desenvolvimento Humano).
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