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Oposição "leiloa" anúncio de CPI em busca de votos governistas
LUIZ ANTÔNIO RYFF
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
A oposição resolveu aproveitar
com pragmatismo a crise na base
governista. Anunciou ontem um
pedido de CPI mista que não cita
nem Jader Barbalho (PMDB-PA),
presidente do Senado, nem seu
antecessor, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), pivôs da crise e
que vêm se acusando mutuamente de corrupção. O texto final não
está fechado: vai ser mudado de
acordo com o apoio obtido na base governista, no grupo de Jader
ou no lado de ACM.
"Se o ACM e o grupo dele assinarem, a gente coloca o caso do
Banco do Estado do Pará (que envolve suspeitas a Jader). Se o Jader
assinar a gente não acrescenta isso no texto da CPI", sintetizou
Eduardo Campos, líder do PSB na
Câmara. "Se conseguirmos mais
apoio vai surgir um texto novo.
Senão, fica esse", disse.
A expectativa é de que o requerimento ainda mude, ou pelo menos sofra aditamentos. O texto divulgado ontem é o mesmo da CPI
de Eduardo Jorge, apresentado
em julho do ano passado e que
obteve 19 assinaturas no Senado e
109 na Câmara. Insuficiente, portanto, para instalar uma CPI mista, nas duas casas.
O texto é deliberadamente vago
e abrangente. Pede uma CPI para
apurar "a responsabilidade de todas as autoridades federais dos
Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário nas dotações orçamentárias, liberações e desvios de recursos orçamentários para construção do prédio do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo".
Também diz pretender identificar outras violações às leis de licitações e contratos, apurando, especialmente, a participação do ex-secretário-geral da Presidência
Eduardo Jorge na intermediação
de interesses privados, malversação de recursos públicos ou concessões na administração pública.
Com o texto antigo ficam mantidas as assinaturas obtidas até
agora. Ficam faltando assim 68
assinaturas na Câmara e 8 no Senado. Na época, o PPS não assinou o requerimento.
"Se, para trazer as assinaturas
necessárias, Antonio Carlos Magalhães ou Jader Barbalho quiserem acrescentar algo, à vontade",
afirmou Miro Teixeira, líder do
PDT na Câmara.
"Nossa prioridade é uma só: assinaturas", disse o pedetista. "Se,
para isso, a gente precisar mudar
o texto, a gente faz. Não tem problema nenhum", disse Pinheiro.
Os oposicionistas tentarão, ainda esta semana, conseguir assinaturas de parlamentares da base
governista.
Na reunião de ontem participaram os líderes do PT, do PDT, do
PSB, do PPS e do PC do B. Na terça-feira será feita uma reunião
privada para avaliar a coleta de assinaturas. Na quarta será feita
uma reunião aberta.
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