São Paulo, quinta-feira, 08 de março de 2001

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Oposição "leiloa" anúncio de CPI em busca de votos governistas

LUIZ ANTÔNIO RYFF
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

A oposição resolveu aproveitar com pragmatismo a crise na base governista. Anunciou ontem um pedido de CPI mista que não cita nem Jader Barbalho (PMDB-PA), presidente do Senado, nem seu antecessor, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), pivôs da crise e que vêm se acusando mutuamente de corrupção. O texto final não está fechado: vai ser mudado de acordo com o apoio obtido na base governista, no grupo de Jader ou no lado de ACM.
"Se o ACM e o grupo dele assinarem, a gente coloca o caso do Banco do Estado do Pará (que envolve suspeitas a Jader). Se o Jader assinar a gente não acrescenta isso no texto da CPI", sintetizou Eduardo Campos, líder do PSB na Câmara. "Se conseguirmos mais apoio vai surgir um texto novo. Senão, fica esse", disse.
A expectativa é de que o requerimento ainda mude, ou pelo menos sofra aditamentos. O texto divulgado ontem é o mesmo da CPI de Eduardo Jorge, apresentado em julho do ano passado e que obteve 19 assinaturas no Senado e 109 na Câmara. Insuficiente, portanto, para instalar uma CPI mista, nas duas casas.
O texto é deliberadamente vago e abrangente. Pede uma CPI para apurar "a responsabilidade de todas as autoridades federais dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário nas dotações orçamentárias, liberações e desvios de recursos orçamentários para construção do prédio do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo".
Também diz pretender identificar outras violações às leis de licitações e contratos, apurando, especialmente, a participação do ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge na intermediação de interesses privados, malversação de recursos públicos ou concessões na administração pública.
Com o texto antigo ficam mantidas as assinaturas obtidas até agora. Ficam faltando assim 68 assinaturas na Câmara e 8 no Senado. Na época, o PPS não assinou o requerimento.
"Se, para trazer as assinaturas necessárias, Antonio Carlos Magalhães ou Jader Barbalho quiserem acrescentar algo, à vontade", afirmou Miro Teixeira, líder do PDT na Câmara.
"Nossa prioridade é uma só: assinaturas", disse o pedetista. "Se, para isso, a gente precisar mudar o texto, a gente faz. Não tem problema nenhum", disse Pinheiro.
Os oposicionistas tentarão, ainda esta semana, conseguir assinaturas de parlamentares da base governista.
Na reunião de ontem participaram os líderes do PT, do PDT, do PSB, do PPS e do PC do B. Na terça-feira será feita uma reunião privada para avaliar a coleta de assinaturas. Na quarta será feita uma reunião aberta.


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