São Paulo, sexta-feira, 08 de março de 2002

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PFL quer manter poder de barganha

ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

OTÁVIO CABRAL
DO PAINEL, EM BRASÍLIA

Ao decidir se retirar do primeiro e do segundo escalões da administração federal, o PFL abriu guerra contra a candidatura presidencial do tucano José Serra (SP), mas manteve moedas de troca com o próprio governo para votações no Congresso.
Os governadores do PFL querem manter as linhas de crédito e os cargos federais nos seus Estados. Em contrapartida, o PFL promete votar com o governo em propostas de interesse do Palácio do Planalto no Congresso. Exemplo: a prorrogação da CPMF.
"Nós assumimos uma posição de independência, não de oposição. E vamos votar a favor da CPMF", disse ontem à Folha o senador José Agripino Maia (PFL-RN), alinhado com o grupo do presidente do partido, senador licenciado Jorge Bornhausen (SC), e com o vice-presidente da República, Marco Maciel (PE).
Esse grupo, porém, vai continuar enfrentando a pressão do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (BA) e do senador e ex-presidente José Sarney (que é filiado ao PMDB, mas é pai da pré-candidata pefelista à Presidência, Roseana Sarney).
ACM e sobretudo Sarney pressionam para que o PFL não vote a favor da prorrogação da CPMF, mas Bornhausen deixou claro que uma guerra contra a candidatura tucana não poderia se tornar uma briga contra o governo e contra "os interesses do país".

Acordo informal
O acordo informal com o governo tem chance de dar certo. Os cargos de terceiro escalão são de vital importância para as máquinas políticas e eleitorais dos caciques do PFL. Por outro lado, o governo precisa dos pefelistas para a aprovação de projetos polêmicos na Câmara.
Porém, apesar desse acordo branco, a vida do governo será relativamente mais difícil no Congresso, pois o apoio do PFL a ações do Executivo não será mais automático.
O prefeito do Rio, César Maia, explica que o PFL vai passar a adotar no Congresso um "ritual de partido ao invés do ritual de governo que costumávamos ter". "Não somos mais irmãos siameses do governo", declarou Maia.
Um exemplo da mudança de postura será nas votações de medidas provisórias e créditos suplementares. Segundo o deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ), o partido aprovava esses projetos automaticamente. Agora, o governo terá que negociar individualmente com o partido cada proposta.
"Vamos querer saber para que é cada crédito, de onde vem o dinheiro e em que irá beneficiar os governadores e parlamentares do PFL", declarou Rodrigo.


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