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PFL quer manter poder de barganha
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
OTÁVIO CABRAL
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
Ao decidir se retirar do primeiro
e do segundo escalões da administração federal, o PFL abriu
guerra contra a candidatura presidencial do tucano José Serra
(SP), mas manteve moedas de
troca com o próprio governo para
votações no Congresso.
Os governadores do PFL querem manter as linhas de crédito e
os cargos federais nos seus Estados. Em contrapartida, o PFL promete votar com o governo em
propostas de interesse do Palácio
do Planalto no Congresso. Exemplo: a prorrogação da CPMF.
"Nós assumimos uma posição
de independência, não de oposição. E vamos votar a favor da
CPMF", disse ontem à Folha o senador José Agripino Maia (PFL-RN), alinhado com o grupo do
presidente do partido, senador licenciado Jorge Bornhausen (SC),
e com o vice-presidente da República, Marco Maciel (PE).
Esse grupo, porém, vai continuar enfrentando a pressão do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (BA) e do senador e ex-presidente José Sarney (que é filiado
ao PMDB, mas é pai da pré-candidata pefelista à Presidência, Roseana Sarney).
ACM e sobretudo Sarney pressionam para que o PFL não vote a
favor da prorrogação da CPMF,
mas Bornhausen deixou claro que
uma guerra contra a candidatura
tucana não poderia se tornar uma
briga contra o governo e contra
"os interesses do país".
Acordo informal
O acordo informal com o governo tem chance de dar certo. Os
cargos de terceiro escalão são de
vital importância para as máquinas políticas e eleitorais dos caciques do PFL. Por outro lado, o governo precisa dos pefelistas para a
aprovação de projetos polêmicos
na Câmara.
Porém, apesar desse acordo
branco, a vida do governo será relativamente mais difícil no Congresso, pois o apoio do PFL a
ações do Executivo não será mais
automático.
O prefeito do Rio, César Maia,
explica que o PFL vai passar a
adotar no Congresso um "ritual
de partido ao invés do ritual de
governo que costumávamos ter".
"Não somos mais irmãos siameses do governo", declarou Maia.
Um exemplo da mudança de
postura será nas votações de medidas provisórias e créditos suplementares. Segundo o deputado
Rodrigo Maia (PFL-RJ), o partido
aprovava esses projetos automaticamente. Agora, o governo terá
que negociar individualmente
com o partido cada proposta.
"Vamos querer saber para que é
cada crédito, de onde vem o dinheiro e em que irá beneficiar os
governadores e parlamentares do
PFL", declarou Rodrigo.
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