São Paulo, sexta-feira, 08 de março de 2002

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FIM DE CASAMENTO

Objetivo é poder indicar vice de candidato de outro partido, preferencialmente Serra; Itamar já fala em desistir de candidatura

PMDB governista tenta hoje cancelar prévia

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A cúpula do PMDB, ligada ao governo Fernando Henrique Cardoso, realiza uma pré-convenção hoje em Brasília para tentar acabar com a prévia presidencial do partido marcada para o próximo dia 17, um domingo.
Para se aliar a um outro partido, preferencialmente o PSDB do pré-candidato José Serra, o grupo governista do PMDB deve tomar uma dessas duas medidas: 1) simplesmente cancelar a prévia, a mais provável, ou 2) ratificar a regra que facilita o esvaziamento da disputa para torná-la inválida.
O presidente do partido, o deputado federal Michel Temer (SP), não fala em cancelamento da prévia, mas há uma ala da cúpula que vai avaliar o quórum do encontro hoje para tentar suspendê-la de vez.
Se não houver condição política, a saída será revalidar a regra que exige 50% mais um dos cerca de 16 mil presentes para que a prévia tenha efeito legal.
"Não valeu aquele encontro de São Paulo [a pré-convenção dos oposicionistas realizada no último domingo". A pré-convenção de hoje é a que vale para definir estatutariamente a questão da prévia", diz Temer. Estão inscritos na prévia o senador Pedro Simon (RS), o governador Itamar Franco (MG) e o ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário).
De qualquer forma, haverá uma disputa judicial entre governistas e oposicionistas. Os oposicionistas, se não conseguirem emplacar candidato próprio, deverão tentar barrar a aliança na Justiça.
Nas seguidas reuniões da cúpula ao longo da semana, o grupo decidiu que marchará unido para uma candidatura de um partido aliado. A maioria deseja Serra, mas há uma ala minoritária que defende a aliança com Roseana Sarney, governadora do Maranhão e pré-candidata do PFL.
Para a direção do PMDB, ainda que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) flexibilize a verticalização das coligações, abrindo a possibilidade de o partido que não tiver candidato a presidente poder se aliar às legendas que quiser nos Estados, a tendência é fechar uma aliança na disputa pelo Planalto.
A avaliação é que o apoio a um candidato a presidente garantirá um papel de destaque ao partido no eventual futuro governo. Como há uma guerra entre Serra e Roseana, cresce a importância do PMDB como aliado.

Itamar
Todo o esforço dos oposicionistas do PMDB em favor da candidatura própria do partido pode ser em vão, a julgar pelas declarações de ontem de Itamar Franco, principal pré-candidato peemedebista a presidente.
Ele não garantiu deixar o governo de Minas no começo de abril caso vença a prévia de 17 de março. Itamar disse que precisa avaliar bem porque tem "compromissos" com o Estado.
"São coisas que eu tenho de analisar com muito cuidado, com muita reflexão, com muita ponderação, porque o quadro se dará em junho e eu tenho os meus compromissos com o Estado. Tenho que analisar", disse ele, assinalando depois que "naturalmente é uma decisão importante, se for escolhido".
Mesmo vencendo, Itamar não se sentiria seguro para deixar o governo do Estado, conforme determina a legislação eleitoral, porque o resultado da prévia teria que ser referendado na convenção de junho, com a cúpula do partido jogando contra.
(KENNEDY ALENCAR e PAULO PEIXOTO)


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