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JANIO DE FREITAS
As sombras percebidas
É a dois coronéis, possivelmente da reserva, que está
sendo atribuída a coordenação
do trabalho de espionagem e levantamento, não só no Maranhão, de providências e situações destinadas a prejudicar a
candidatura de Roseana Sarney.
O trabalho chefiado pela dupla de coronéis é o mesmo que
foi parcialmente detectado no
Maranhão e comunicado ao senador José Sarney, que o levou
ao conhecimento de Fernando
Henrique Cardoso, sem obter
resultado algum, cerca de duas
semanas antes da operação da
Polícia Federal na empresa de
Roseana e Murad.
Não é certa, ainda, a condição
dos agentes, se ligados à Abin,
sucessora do SNI criada por Fernando Henrique, se contratados. Em qualquer caso, Márcio
Fortes, secretário-geral do
PSDB, é dado como incumbido
de contatos com os agentes. Para quem lhe conhece o cadastro,
o envolvimento de seu nome
não surpreende.
Os senadores Eduardo Suplicy
e Heloísa Helena formularam
um requerimento ao ministro
da Justiça para que remeta ao
Senado todos os documentos
que, por qualquer modo, tenham relação com o que se passou na empresa de Roseana e
Murad -relatórios, cópias de
fax, registros de telefonemas,
datas de pedidos e ordens. O esperado é que o governo invoque
o segredo de Justiça, em que está
posto o processo que autorizou a
operação, para negar o envio
dos documentos. Mas as informações pedidas não são do processo e, sim, da maneira como
foi realizada a operação, o que
não está sob segredo de Justiça.
O requerimento soma-se a numerosos indícios, tendentes a
avolumar-se ainda mais nos
próximos dias, para configurar
a crescente propensão de políticos oposicionistas e pefelistas no
sentido de investigação parlamentar das condutas da Polícia
Federal, do Ministério da Justiça, do PSDB e alguns dos seus
dirigentes, do candidato José
Serra e de Fernando Henrique
no episódio centrado na candidata pefelista.
A novidade
O PFL foi muito mais longe,
em dois sentidos, do que era admitido nele, e assim mesmo com
relutância. A reunião oficializadora do rompimento já transcorria, e comentaristas de jornais falados ainda adotavam a
desconfiança que já se encontrara nos jornais impressos, sobre a extensão das disposições
pefelistas. Os dois sentidos são
prenúncios inquietantes para o
governo e agravam muito a
enrascada em que está.
A unanimidade do apoio ao
rompimento, na minuciosa consulta feita pela direção do PFL
aos seus parlamentares e principais figuras, é um caso de unidade partidária raro, se houve
outro assim por aqui. A extremada devolução de todos os
cargos em todos os níveis, inclusive de indicados não filiados
(parentes, amigos, cabos eleitorais), significa que Fernando
Henrique terá mais dificuldades
com o PFL do que poderia presumir, se tivesse percebido que a
crise era crise.
Alguns que só participaram
da unidade partidária por força
das circunstâncias, como o governador Hugo Napoleão, prevêem que o governo vai retaliar
em cima dos governos estaduais
pefelistas. Não seria tão simples,
porém. Se fizer algo caracterizável como retaliação, Fernando
Henrique perde, na Câmara e
no Senado, todas votações de
projetos de interesse do governo.
Já vale a pena prestar um pouco de atenção nos fatos políticos
e congêneres.
Aproximação
Entre as hipóteses sob exame
em circuito fechado: Anthony
Garotinho como vice de Luiz
Inácio Lula da Silva.
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