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NO AR
Em notas de 50
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
- Um milhão e 340
mil, em notas de 50.
Foi como o Jornal Nacional
descreveu a imagem dos pacotes
de dinheiro, ao mesmo tempo
em que desmontava as justificativas de Roseana Sarney.
As duas fotos do dinheiro descoberto na empresa da "candidata", não mais pré-candidata,
como quer o PFL, foram o que de
pior a Rede Globo poderia apresentar contra Roseana.
Editada como foi, a reportagem expôs mais a pefelista, que
na sequência declarou:
- Não é crime ter dinheiro em
caixa...
Também expôs a pefelista
quando ela disse:
- Não pedi para suspender
investigação nenhuma.
Corte para a repórter do JN:
- Mas na prática...
Na prática, as investigações foram suspensas. Na prática, destacou o JN, o pedido de Roseana
e seus advogados traz expressa a
"imediata suspensão".
A cobertura apresentou muito
mais, até com maior poder de
demolição, contra a candidata.
Mas o que ficou, para o público
do JN, foi a imagem das milhares
de notas de R$ 50.
E nada de o pefelê entregar
"todos os cargos".
Poucas horas depois de se ouvir, ontem à tarde na Globo, entre sorrisos de ironia, que o acontecimento "histórico" estava
confirmado, Jorge Bornhausen
já surgiu avisando que Everardo
Maciel seguiria no governo FHC
por ser um "técnico".
Mais à noite e o próprio governo anunciou que Emílio Carazzai continuaria dirigindo a Caixa Econômica Federal, também
por ser um "técnico".
Marco Maciel, o vice-presidente, por sua vez, apareceu dizendo
que não se afastaria do governo,
por ser um "eleito".
Isso só no primeiro e segundo
escalões. Para baixo, deve ser
muito maior o número de "técnicos" e de "eleitos".
No dizer do pefelista maranhense Edison Lobão, sobre os
"técnicos" -expressão dele-
de menor escalão, "a decisão está na mão do governo".
Como se vê, não estava de todo
certa a Globo, ao afirmar à tarde
que o grupo político hoje no PFL
deixaria o governo pela primeira
vez desde o ano de 1964.
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