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SOMBRA NO PLANALTO
Governador defende investigação do caso Waldomiro; para ele, petistas deveriam se indignar com a corrupção, e não com a oposição
PT foi incoerente ao evitar CPI, diz Alckmin
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador paulista, Geraldo
Alckmin (PSDB), defendeu ontem "profundidade" nas investigações do caso Waldomiro Diniz.
Acusou também o PT de "incoerência" por ter evitado a abertura
da CPI no Congresso Nacional.
"O importante é que haja uma
investigação profunda, séria. Isso
pode ser feito por CPI ou não.
Agora, o que é notável é a mudança de comportamento, a chamada
incoerência política. O PT era um
defensor ferrenho de instalações
de CPIs e, depois que virou governo, age de maneira totalmente
oposta", afirmou Alckmin.
Para o tucano, o PT é "injusto"
ao dizer que a oposição quer lucrar politicamente com o caso de
corrupção envolvendo Waldomiro Diniz, homem da confiança do
ministro José Dirceu (Casa Civil)
havia muitos anos, que foi flagrado em gravação de 2002 cobrando
propina. Na época, atuava no governo Benedita da Silva (PT-RJ).
"Acho que o PT não deve ficar
indignado com a crítica. Deve ficar indignado com o fato, com a
corrupção". É isso que deve levar
à indignação", disse Alckmin em
visita a uma delegacia de defesa
da mulher, no centro da cidade.
O governador foi procurado
por Dirceu na semana seguinte à
da divulgação da fita, que ocorreu
em 13 de fevereiro. Desde então,
vinha procurando não polemizar
com o o governo Lula em relação
ao caso. Ontem, porém, criticou o
PT por ter acusado a oposição de
querer faturar a crise política.
Para o governador, a manobra
realizada pelos líderes governistas
para enterrar a CPI mostra a mudança de posição do PT ao assumir o poder: estimulados pelo
Planalto, anunciaram que não
vão indicar seus representantes
da comissão de investigação.
O presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), colaborou
com a estratégia governista ao
não avocar a indicação dos membros da CPI. Em nota, Sarney negou ter barrado a comissão. Disse
que "o presidente do Senado não
tem competência para, acima dos
partidos, indicar membros de comissões". Oposicionistas afirmam que ele tem essa prerrogativa, pelo regimento do Congresso.
Alckmin disse também considerar "graves" as afirmações do
Ministério Público Federal, que
acusa a Caixa Econômica Federal
de ter sonegado documentos e
causado prejuízo de "mais de R$
100 milhões" ao renovar contrato
com a GTech em 2003.
A GTech, empresa responsável
pelo sistema de loterias do país,
teve o seu contrato renovado por
25 meses. Em 2003, quando já estava na Casa Civil, Waldomiro
reuniu-se com diretores da empresa enquanto ainda era negociada a renovação do acordo.
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