São Paulo, segunda-feira, 08 de março de 2004

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SOMBRA NO PLANALTO

Governador defende investigação do caso Waldomiro; para ele, petistas deveriam se indignar com a corrupção, e não com a oposição

PT foi incoerente ao evitar CPI, diz Alckmin

JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), defendeu ontem "profundidade" nas investigações do caso Waldomiro Diniz. Acusou também o PT de "incoerência" por ter evitado a abertura da CPI no Congresso Nacional.
"O importante é que haja uma investigação profunda, séria. Isso pode ser feito por CPI ou não. Agora, o que é notável é a mudança de comportamento, a chamada incoerência política. O PT era um defensor ferrenho de instalações de CPIs e, depois que virou governo, age de maneira totalmente oposta", afirmou Alckmin.
Para o tucano, o PT é "injusto" ao dizer que a oposição quer lucrar politicamente com o caso de corrupção envolvendo Waldomiro Diniz, homem da confiança do ministro José Dirceu (Casa Civil) havia muitos anos, que foi flagrado em gravação de 2002 cobrando propina. Na época, atuava no governo Benedita da Silva (PT-RJ).
"Acho que o PT não deve ficar indignado com a crítica. Deve ficar indignado com o fato, com a corrupção". É isso que deve levar à indignação", disse Alckmin em visita a uma delegacia de defesa da mulher, no centro da cidade.
O governador foi procurado por Dirceu na semana seguinte à da divulgação da fita, que ocorreu em 13 de fevereiro. Desde então, vinha procurando não polemizar com o o governo Lula em relação ao caso. Ontem, porém, criticou o PT por ter acusado a oposição de querer faturar a crise política.
Para o governador, a manobra realizada pelos líderes governistas para enterrar a CPI mostra a mudança de posição do PT ao assumir o poder: estimulados pelo Planalto, anunciaram que não vão indicar seus representantes da comissão de investigação.
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), colaborou com a estratégia governista ao não avocar a indicação dos membros da CPI. Em nota, Sarney negou ter barrado a comissão. Disse que "o presidente do Senado não tem competência para, acima dos partidos, indicar membros de comissões". Oposicionistas afirmam que ele tem essa prerrogativa, pelo regimento do Congresso.
Alckmin disse também considerar "graves" as afirmações do Ministério Público Federal, que acusa a Caixa Econômica Federal de ter sonegado documentos e causado prejuízo de "mais de R$ 100 milhões" ao renovar contrato com a GTech em 2003.
A GTech, empresa responsável pelo sistema de loterias do país, teve o seu contrato renovado por 25 meses. Em 2003, quando já estava na Casa Civil, Waldomiro reuniu-se com diretores da empresa enquanto ainda era negociada a renovação do acordo.



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