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Sai livro sobre treinamento na ilha
DA SUCURSAL DO RIO
O patrocínio de Cuba a guerrilheiros brasileiros teve três movimentos essenciais:
1) antes de abril de 1964, com o
apoio a militantes das Ligas Camponesas (movimento pró-reforma agrária concentrado no Nordeste) que montaram campos de
treinamento no Brasil;
2) em seguida ao golpe que depôs o governo constitucional de
João Goulart, com o adestramento militar e o financiamento do
Movimento Nacionalista Revolucionário, de Leonel Brizola.
Nesse período (1966-67), nasce
e morre a guerrilha de Caparaó,
na divisa de Minas Gerais com o
Estado do Espírito Santo, derrotada sem que seus aderentes tivessem tido um só confronto com as
tropas oficiais;
3) a mais intensa operação foi o
treinamento de ativistas da Ação
Libertadora Nacional, grupo encabeçado por Carlos Mariguella
(1912-1969). Quatro equipes da
ALN -denominadas 1º, 2º, 3º e
4º Exércitos- frequentaram a escola cubana de guerrilha, às vezes
acompanhadas por membros de
outras organizações.
Apoio
O mais vigoroso inventário sobre o tema acaba de ser editado.
Trata-se do livro ""O apoio de Cuba à luta armada no Brasil - O treinamento guerrilheiro" (Mauad,
96 págs., R$ 19,80), da historiadora Denise Rollemberg.
Professora-visitante de História
Contemporânea da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Rollemberg, 38, dedicou-se
por dois anos à investigação.
Durante o período, pesquisou
arquivos com documentos da repressão, ouviu veteranos da guerrilha, desencavou histórias sobre
o treinamento de mais de 200 homens e mulheres, alimentou dúvidas sobre delações de militantes
em troca de sobrevivência.
Revelação
Sua principal revelação talvez
tenha partido de um sobrevivente
da ALN, Carlos Eugênio Sarmento da Paz, que narrou uma proposta feita em 1973 por Arnaldo
Ochoa, comandante do Exército
cubano em Havana.
Com a ALN e a guerrilha urbana
aniquiladas, Ochoa queria entrar
na Amazônia num barco com
cem guerrilheiros cubanos ladeados de brasileiros. Na selva, dariam início a ações. O dirigente da
ALN recusou, a ficha de Ochoa
caiu, e o plano foi esquecido.
O estudo de Denise Rollemberg
situa o princípio do apoio cubano
à guerrilha no Brasil no governo
João Goulart (1961-64). Embora
tenha pesquisado no Arquivo Público do Rio, ela não teve acesso
ao relatório segundo o qual já no
governo de Jânio Quadros (janeiro a agosto de 1961) os cubanos
ofereciam seus préstimos aos camaradas do Brasil.
(MM)
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