São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2003 |
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COBRAS E LAGARTOS Em resposta a crítica de ministro da Saúde de Lula, Alckmin cita "cobras venenosas" da política Alckmin e ministro petista trocam farpas
PLÍNIO FRAGA DA REPORTAGEM LOCAL Em visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sede do Instituto Butantan -centro internacional em pesquisa científica de animais peçonhentos em São Paulo-, petistas e tucanos resolveram soltar cobras e lagartos uns contra os outros. A citação, óbvia para o local em que se comemorava o Dia Mundial da Saúde, foi trazida a público pelo governador Geraldo Alckmin. "Quero dizer ao presidente Lula que nós, na política, vira e mexe encontramos umas cobras venenosas. Quero tranquilizá-lo dizendo que aqui só tem cobra boa. No serpentário do Butantan, as cobras dão seu sangue, ou melhor, dão seu veneno para poder salvar vidas", afirmou, provocando risos. Alckmin se referiu a "cobras venenosas da política" logo depois de uma provocação do ministro da Saúde, Humberto Costa. O petista havia criticado os tucanos por um suposto "sucateamento" da saúde na gestão de Fernando Henrique Cardoso. Costa discursava próximo do secretário estadual da Saúde, Luiz Roberto Barradas, que foi assessor do tucano José Serra, antecessor do petista na pasta. Em seu discurso, Lula evitou a polêmica entre petistas e tucanos. "A saúde não tem fronteira territorial ou ideológica", disse. Em seguida, citou um dado estatístico ruim do período do PSDB no poder. "De 1995 a 1998, 300 mil crianças morreram no Brasil por doenças adquiridas por falta de saneamento básico." Lula afirmou que o saneamento não é área "tratada com carinho" na administração pública. "Sempre se diz que não tem dinheiro. Porque no saneamento você coloca os canos debaixo da terra e não pode batizar com o nome de ninguém. É mais fácil fazer pontes e viadutos." Para exemplificar o descaso com a saúde da população, Lula citou um antigo comercial que usava a figura do Jeca Tatu, personagem caipira do escritor Monteiro Lobato (1882-1948), que era barrigudo e preguiçoso em razão de doenças, não por opção como o acusavam. "Essa imagem ainda vale para hoje." Entidades que atuam na área da saúde foram premiadas com placas, entre elas o Movimento dos Sem-Terrinha, de filhos de membros do MST. Um dos meninos do movimento, Tiago Lenem de Paula -cujo nome embute homenagem a Vladimir Ilich Ulianov, o Lênin, um dos líderes da Revolução Russa de 1917-, deu a Lula um boné e uma camiseta do MST. Texto Anterior: Análise: Ritmo e direção de mudanças de Lula ainda são incertos Próximo Texto: Lula recebe manifestantes, e Marisa, presentes Índice |
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