São Paulo, quinta-feira, 08 de abril de 2004

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"É hora de os ministros desligarem telefones e trabalharem", diz Stedile

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os coordenadores nacionais do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) João Pedro Stedile e Gilmar Mauro disseram ontem que o ritmo das invasões de terra não será amenizado diante de eventuais pedidos de ministros. "Está na hora de esses ministros desligarem os telefones e trabalharem", afirmou ontem Stedile.
Segundo eles, nenhum ministro ou interlocutor do governo federal havia os procurado até o início da noite de ontem. "Isso não vem ao caso. O governo não tem como pedir isso [a diminuição das ações em todo o país] para o movimento", disse Mauro.
Para o MST, o diálogo com o governo é importante e deve ser mantido, desde que a "autonomia" do movimento seja respeitada -leia-se invasões de terra como a principal forma de protesto e pressão.
"Há um respeito mútuo. Nós respeitamos a autonomia do PT, e eles respeitam a nossa. Essa tem sido a tônica", afirmou Mauro.
Sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem sido comum ministros procurarem lideranças sem terra nos momentos de acirramento das tensões no campo. As conversas, porém, têm sempre um tom de consulta, sem pedidos e imposições.
O governo apresenta seu cardápio de promessas, deixando a decisão, de diminuir ou não as ações, a cargo dos movimentos.

Veracel
Sobre a invasão na última segunda-feira da fazenda da Veracel, uma das maiores empresas de celulose, em Porto Seguro (BA), Gilberto Portes de Oliveira, do Fórum Nacional de Reforma Agrária, deu sua explicação.
"Uma área pode ser produtiva e, ao mesmo tempo, não estar cumprindo sua função social. A pergunta é a seguinte: eles [a Veracel] estão produzindo para quem? Para os trabalhadores ou para as multinacionais?", disse. O fórum reúne, entre outros, MST, Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) e CPT (Comissão Pastoral da Terra), braço da Igreja Católica.
(EDUARDO SCOLESE)


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