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ENERGIA POLÍTICA
Segundo ministro, só o Brasil sofre inspeções em instalações militares"
Viegas pede tratamento "digno" ao país
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Defesa, José Viegas, disse ontem que o Brasil deve
ser tratado de uma maneira "digna" em relação ao seu programa
nuclear. Ele afirmou que a "mudança de regras" das inspeções da
AIEA (Agência Internacional de
Energia Atômica) prejudica o país
e "expõe nossas tecnologias".
A AIEA vem pressionando o
Brasil para que assine um protocolo adicional ao acordo de não-proliferação de armas nucleares.
Esse protocolo permitiria que os
técnicos da agência tivessem mais
acesso às instalações brasileiras
onde ocorre o processo de enriquecimento de urânio.
"O que nós não queremos é
uma mudança de regras que vai
nos prejudicar e expor nossas tecnologias. É um nível de exigência
comparado ao de países que tem
programas clandestinos e locais
não declarados [de produção]."
Segundo Viegas, o Brasil é o
único país do mundo que sofre
inspeções pela AIEA em instalações militares. "O Brasil cumpre
de maneira absoluta as obrigações de não-proliferação. É legítimo que sejamos tratados de uma
maneira digna", afirmou.
Viegas acrescentou que o país
nunca escondeu nada do que faz e
não tem projetos de uso da energia atômica para fins militares.
Para o ministro Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia), os Estados Unidos não devem interferir no programa nuclear brasileiro. "O Brasil somente deve explicações a organismos como a
Agência Internacional de Energia
Atômica", disse ontem, em Salvador, logo após assinar dois convênios com o governador Paulo
Souto (PFL).
Segundo o ministro, os Estados
Unidos, que têm uma ótima relação política e comercial com o
país, conhecem o propósito pacífico do programa nuclear do país.
"Sinceramente, não sei quais as
razões dos temores do governo
norte-americano em relação ao
nosso programa."
Anteontem, o Departamento de
Energia norte-americano confirmou que o secretário Spencer
Abraham virá ao Brasil para participar de reunião com os ministros Celso Amorim (Relações Exteriores), Dilma Roussef (Minas e
Energia) e Eduardo Campos.
Segundo Campos, o Brasil gasta
anualmente cerca de US$ 12 milhões só para enriquecer o urânio
na Europa, antes de o produto ser
utilizado nas usinas nucleares de
Angra dos Reis. "Aí está a razão
para enriquecermos o urânio
aqui." Campos disse também que
o urânio brasileiro apenas será
usado para a geração de energia.
OAB
O presidente da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil), Roberto Busato, afirmou ontem que os
Estados Unidos não podem tratar
o Brasil como tratam os seus adversários, referindo-se à polêmica
sobre a inspeção às tecnologias
desenvolvidas internamente para
o enriquecimento de urânio.
Busato falou que apóia a decisão
do governo de não permitir essa
inspeção. Para ele, "o princípio da
soberania deve ser preservado a
todo custo". Disse ainda que não
há "nenhuma indicação na comunidade internacional de que o
nosso país esteja fazendo mau uso
da tecnologia envolvendo a utilização de urânio enriquecido".
Colaborou LUIZ FRANCISCO, da Agência Folha, em Salvador
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