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CASO SANTO ANDRÉ/ INVESTIGAÇÃO
Denúncia anônima diz que responsável teria recebido dinheiro para abafar inquérito e mantém empresa de segurança privada
Delegado do caso Celso Daniel agora é alvo de investigação
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O delegado Armando de Oliveira Costa Filho, que investigou o
assassinato do prefeito Celso Daniel (PT) e concluiu por crime comum, virou alvo de investigação
sigilosa movida pelo Ministério
Público de São Paulo e pela Corregedoria Geral da Polícia Civil por
suposto enriquecimento ilícito.
Os procedimentos foram abertos após o recebimento de uma
denúncia anônima, supostamente escrita por um policial civil, que
acusou Costa Filho de ter recebido dinheiro do PT para abafar o
inquérito sobre a morte de Daniel.
O delegado afirmou que a acusação contra ele é uma "piada" (leia
texto nesta página).
Para a Promotoria Criminal de
Santo André, a morte do petista
está associada a um esquema de
corrupção montado na Prefeitura
de Santo André (SP) para financiar campanhas eleitorais do PT,
inclusive a que levou Luiz Inácio
Lula da Silva, em 2002, à Presidência da República.
Na denúncia anônima, datada
de 7 de setembro de 2005, além da
acusação de recebimento ilegal de
dinheiro do PT, Costa Filho teria
desviado policiais do DHPP (Departamento de Homicídios e de
Proteção à Pessoa) para uma empresa de segurança privada registrada em nome da mulher dele,
Rosângela de Oliveira Costa.
Como funcionário público, o
delegado não pode ser sócio em
empresas privadas.
A promotora da Cidadania que
apura o caso, Andréa Chiaratti
Rodrigues Pinto, pediu a quebra
dos sigilos bancário do delegado e
da mulher. O objetivo, informou
ela no procedimento, é verificar a
compatibilidade entre os vencimentos e o patrimônio do casal.
Ao procedimento, foi anexada
cópia de reportagem sobre o pagamento de R$ 545 mil feito por
Marcos Valério ao ex-procurador-geral Aristides Junqueira,
contratado pelo PT para defender
o partido durante as investigações
do caso Celso Daniel.
Foi incluída ainda a lista entregue por Valério à CPI dos Correios com a relação dos sacadores
do "mensalão", na qual consta
"Armando Costa". Segundo o publicitário, trata-se de um ex-deputado mineiro do PMDB, homônimo do delegado. O político nega
ter recebido dinheiro do PT.
A Folha apurou junto à Receita
Federal que Rosângela, casada
com o delegado, é proprietária da
Suporte Assessoria em Segurança
Ltda., desde outubro de 2001, com
atividade de vigilância e segurança privada. Pelo telefone registrado em nome da Suporte, em Alphaville, uma funcionária informou ser a corretora de seguros
Yashaya. Questionada sobre a Suporte, ela explicou que a sede da
"empresa do dr. Armando" é no
mesmo endereço da corretora,
mas que funciona em outro lugar.
Segundo ela, o delegado e a mulher vão "muito pouco" à sede.
Em ofício enviado à promotora,
o diretor do DHPP, Domingos
Paulo Neto, se opôs à investigação
e defendeu que a apuração ficasse
restrita à corregedoria. Costa Filho é uma das testemunhas de defesa do empresário Sérgio Gomes
da Silva, apontado pelo Ministério Público como o mandante do
assassinato de Celso Daniel.
Ele começou a investigar o crime um dia depois de o corpo de
Daniel ter sido encontrado, e encerrou o inquérito depois de cerca
de 70 dias. Disse que o prefeito havia sido vítima de crime comum.
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