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CAMPO MINADO
Militantes são acusados de invadir horto florestal da Aracruz Celulose e destruir laboratórios de pesquisas
Polícia indicia Stedile e mais 36 por invasão
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A polícia gaúcha indiciou ontem 37 pessoas pela invasão ao
horto florestal da Aracruz Celulose, incluindo o líder nacional do
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) João Pedro Stedile. Dezoito indiciados
-Stedile entre eles- são acusados de participar no planejamento da ação, ocorrida em março.
Os indiciamentos ocorreram
pelos crimes de danos qualificados e cárcere privado (de dois seguranças da empresa). As penas
podem chegar a três anos por delito. Somando-se os dois, é possível que cada indiciado cumpra
pena de seis anos de prisão.
Há um mês, 2.000 militantes da
Via Campesina, a maioria mulheres, invadiram e danificaram instalações da Aracruz, em Barra do
Ribeiro (56 km de Porto Alegre),
comprometendo a produção.
Segundo o manifesto divulgado
pela entidade na época, o objetivo
foi denunciar ""conseqüências sociais e ambientais do avanço da
invasão do deserto verde criado
pelo monocultivo de eucaliptos".
A ação foi liderada pelo MMC
(Movimento das Mulheres Camponesas), que integra a Via Campesina, além de entidades como o
MST e o MPA (Movimento dos
Pequenos Agricultores).
Na ocasião dos delitos, laboratórios foram destruídos, e pesquisas de 20 anos, sobre cruzamentos
genéticos e seleção de espécies,
perdidas. Os invasores chegaram
ao local com taquaras e facas de
mesa. Com as taquaras, romperam plásticos e telas das estufas,
onde havia clonagens.
O inquérito foi concluído exatamente 30 dias depois do episódio.
Foi pedida a prisão preventiva de
seis das 37 pessoas, porque não
foram localizadas para o indiciamento -seus nomes não foram
divulgados. Quatro dos indiciados são estrangeiros, da direção
da Via Campesina.
A polícia chegou aos 37 indiciados por meio de provas como
imagens de TV. De acordo com a
delegada Raquel Dornelles, a ação
da Via Campesina foi planejada
desde o final do ano passado (novembro ou dezembro). Foram
realizadas pelo menos duas reuniões para preparar a invasão.
A Folha tentou contato com representantes da Via Campesina e
com Stedile, mas não conseguiu
localizá-los.
Cerca de 800 integrantes do
MST deverão ser indiciados em
inquérito policial instaurado pelo
delegado de Carazinho (RS), Danilo Flores. São acusados por crimes continuados na fazenda Coqueiros, em Coqueiros do Sul,
desde a primeira invasão, em
2004. Furto, roubo, cárcere privado, invasão e dano ao patrimônio
privado, formação de quadrilha e
crimes ambientais são alguns dos
crimes atribuídos aos sem-terra
no inquérito policial.
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