São Paulo, sábado, 08 de abril de 2006

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Colombianos presos no Amazonas negam ser guerrilheiros das Farc

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

Os colombianos presos em Cucuí (AM) na quarta-feira após troca de tiros com soldados do Exército brasileiro, disseram em depoimento à Polícia Federal que não são guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Eles disseram que são garimpeiros e que foram contratados por um colombiano chamado John para transportar, até a Colômbia, uma "encomenda" recebida em território brasileiro, na cidade de São Gabriel da Cachoeira (850 km a oeste de Manaus).
A "encomenda" era um arsenal de armas -incluindo fuzis de uso exclusivo das Forças Armadas e munição- e dinheiro (153.560, US$ 105.100, R$ 135.111, 4.020 pesos colombianos e 1.377.500 bolívares venezuelanos), apreendidos pelo Exército.
Nos primeiros interrogatórios, anteontem, no 4º PEF (Pelotão Especial de Fronteira) em Cucuí, os presos Justo Alexander Ramos Ramires e William Norbey Cespedes negaram ser guerrilheiros, mas afirmaram que entregariam a "encomenda" a um guerrilheiro chamado Oscar, na cidade de San Felipe, no Departamento (Estado) colombiano de Guainía, dominado pela guerrilha das Farc.
À Folha, por telefone, o delegado Carlos Afonso, que dirige as investigações, afirmou que os colombianos não têm perfil de garimpeiros. "Os indícios são fortes de que eles [Ramires e Cespedes] são guerrilheiros e que encobrem uma situação grave: em São Gabriel não circulam moedas como euros e bolívares venezuelanos."
Ramires e Cespedes foram presos na quarta-feira por um grupo de combate do 4º PEF após confronto na margem direita do rio Negro, em águas brasileiras, a 45 minutos da unidade militar de Cucuí (150 km ao norte de São Gabriel). Os supostos guerrilheiros foram descobertos quando tentavam driblar a fiscalização na divisa com Colômbia e Venezuela. No tiroteio, um homem fugiu e um outro foi alvejado.
Ontem, as tropas do Exército encontraram o corpo do colombiano Wilver Yeison Villanueva Daza boiando no rio próximo ao local do confronto. Anteontem, o Exército tinha divulgado os nomes errados (de que Daza era o preso e Cespedes, o morto).
Segundo o CMA (Comando Militar da Amazônia), Daza foi alvejado no pescoço e caiu no rio ao tentar fugir. Ontem, um avião búfalo da FAB (Força Aérea Brasileira) transferiu a Manaus os dois presos e o corpo de Daza, sob escolta da polícia. Os presos foram indiciados pela PF pelos crimes de tentativa de homicídio, formação de quadrilha e uso e porte de armas de uso restrito e proibido.


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