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Colombianos presos no Amazonas negam ser guerrilheiros das Farc
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
Os colombianos presos em Cucuí (AM) na quarta-feira após troca de tiros com soldados do Exército brasileiro, disseram em depoimento à Polícia Federal que
não são guerrilheiros das Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Eles disseram que são garimpeiros e que foram contratados por
um colombiano chamado John
para transportar, até a Colômbia,
uma "encomenda" recebida em
território brasileiro, na cidade de
São Gabriel da Cachoeira (850 km
a oeste de Manaus).
A "encomenda" era um arsenal
de armas -incluindo fuzis de uso
exclusivo das Forças Armadas e
munição- e dinheiro (153.560,
US$ 105.100, R$ 135.111, 4.020 pesos colombianos e 1.377.500 bolívares venezuelanos), apreendidos
pelo Exército.
Nos primeiros interrogatórios,
anteontem, no 4º PEF (Pelotão
Especial de Fronteira) em Cucuí,
os presos Justo Alexander Ramos
Ramires e William Norbey Cespedes negaram ser guerrilheiros,
mas afirmaram que entregariam a
"encomenda" a um guerrilheiro
chamado Oscar, na cidade de San
Felipe, no Departamento (Estado) colombiano de Guainía, dominado pela guerrilha das Farc.
À Folha, por telefone, o delegado Carlos Afonso, que dirige as
investigações, afirmou que os colombianos não têm perfil de garimpeiros. "Os indícios são fortes
de que eles [Ramires e Cespedes]
são guerrilheiros e que encobrem
uma situação grave: em São Gabriel não circulam moedas como
euros e bolívares venezuelanos."
Ramires e Cespedes foram presos na quarta-feira por um grupo
de combate do 4º PEF após confronto na margem direita do rio
Negro, em águas brasileiras, a 45
minutos da unidade militar de
Cucuí (150 km ao norte de São
Gabriel). Os supostos guerrilheiros foram descobertos quando
tentavam driblar a fiscalização na
divisa com Colômbia e Venezuela. No tiroteio, um homem fugiu e
um outro foi alvejado.
Ontem, as tropas do Exército
encontraram o corpo do colombiano Wilver Yeison Villanueva
Daza boiando no rio próximo ao
local do confronto. Anteontem, o
Exército tinha divulgado os nomes errados (de que Daza era o
preso e Cespedes, o morto).
Segundo o CMA (Comando Militar da Amazônia), Daza foi alvejado no pescoço e caiu no rio ao
tentar fugir. Ontem, um avião búfalo da FAB (Força Aérea Brasileira) transferiu a Manaus os dois
presos e o corpo de Daza, sob escolta da polícia. Os presos foram
indiciados pela PF pelos crimes de
tentativa de homicídio, formação
de quadrilha e uso e porte de armas de uso restrito e proibido.
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