São Paulo, Quinta-feira, 08 de Abril de 1999
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PAINEL

Presente de grego

Um tucano vai presidir a CPI dos Bancos. É bom para o Planalto, que terá controle direto sobre a comissão, e não desagrada ao PMDB, que pode jogar na conta do PSDB qualquer tentativa de esvaziamento. O cargo era do PFL, que prefere deixar a encrenca com os outros aliados.

Sina governista

A entrega da CPI dos Bancos aos tucanos tem objetivo claro: sinalizar para o mercado que a investigação está sob controle. Mas o PSDB preferiria ficar na posição de estilingue, para responsabilizar o PMDB por qualquer distúrbio na economia.

Fugiu da raia

Jader Barbalho pretendia indicar José Fogaça (PMDB-RS) para relator da CPI dos Bancos. O gaúcho é ligado a FHC e já esteve cotado para líder do governo. Mas Fogaça não quis participar da comissão de inquérito.

Tempo livre

O ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros está ajudando o PSDB a montar uma agenda positiva, a ser aberta a partir da próxima semana. Será a tentativa tucana de não ficar a reboque do PFL e do PMDB.

Amarelão coletivo

Jader Barbalho suou a camisa para encontrar 7 senadores do PMDB (4 titulares e 3 suplentes) dispostos a participar da CPI dos Bancos. A bancada do partido é de 26 senadores. Mas muitos amarelaram na hora H.

Fora de sintonia

Michel Temer foi ontem ao Supremo. Mas só teve tempo de anunciar os nomes dos deputados que integrarão a comissão de reforma do Judiciário. É que Celso de Mello não parou de falar sobre a Justiça argentina.

Rasgando dinheiro

Nelson Marchezan (PSDB) enviou cartas para as prefeituras de 92 municípios gaúchos habilitados a participar do programa de renda mínima, sancionado há dois anos. Só 29 responderam, 26 manifestando interesse.

Palco para Itamar

A UNE (União Nacional dos Estudantes) decidiu fazer em Belo Horizonte o seu 46º congresso. De 30 de junho a 4 de julho.

Interesse poderoso

Dificilmente a Assembléia paulista vai aprovar o aumento das alíquotas da previdência estadual, o que elevaria a arrecadação em R$ 600 mi por ano. Covas e os líderes tucanos já perceberam. Ponto para o lobby de juízes, promotores e delegados.

Sede demais

Avaliação de aliados: ACM perdeu a relatoria da comissão da reforma do Judiciário por salto alto. Fez questão de um baiano, Jairo Carneiro, carimbado de carlista. Se tivesse tentado um pefelista com outro perfil, a resistência teria sido bem menor.

Recado captado

Para a platéia, o PMDB usa os elogios privados que Temer ouviu de FHC para rebater o ataque público que Pimenta da Veiga (Comunicações) fez à sigla, que propôs a CPI dos Bancos. Mas, no partido, ninguém duvida de que o ministro foi quem expressou o que o presidente pensa.

Arrumando desculpa

Foi a pedido de FHC que ACM recebeu o líder tibetano Dalai Lama em casa e não no Senado, como estava previsto. Para permitir que o Itamaraty pudesse argumentar à China que foi um encontro social e não político.

Ganhou a dividida

Fiado numa aliança com o PPB, Aécio Neves (PSDB) cantou de galo na reunião com ACM que definiu o relator da reforma do Judiciário na Câmara: "Ou faço o relator por acordo ou faço na disputa". Sem saída, o baiano topou Aloysio Nunes Ferreira.

Chutou o balde

O pistoleiro ""Chapéu de Couro", acusado de matar a tucana Ceci Cunha (AL), entregou sua lista de testemunhas à Justiça: Calheiros (Justiça), Chelotti (ex-PF), o secretário Edmilson Miranda (Segurança) e o borracheiro Antonio de Souza, seu álibi.

Visita à Folha

Max Feffer, presidente da Cia. Suzano de Papel e Celulose, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço.

TIROTEIO

De Padre Roque (PT-PR), sobre os tucanos se queixarem de que o PFL e o PMDB estariam conseguindo muita visibilidade no Congresso com as CPI do Judiciário e dos Bancos:
- A saída é simples. É só o PSDB encampar a CPI da reeleição. Daria o que falar não só no Brasil, mas também no exterior.

CONTRAPONTO

Algo em comum
A visita do líder budista tibetano, o 14º Dalai Lama, Tenzin Gyatso, ontem a Brasília, teve momentos engraçados.
No Congresso, o religioso foi ao gabinete de Michel Temer, que ficou apinhado de jornalistas e cinegrafistas.
Com dificuldades para deixar a sala, o tibetano não pensou duas vezes: colocou suas mãos nas costas de um segurança, que foi abrindo espaço, e o seguiu.
Em segundos, formou-se um trenzinho de deputados atrás dele. Até o sisudo presidente da Câmara entrou na brincadeira, provocando gargalhadas.
Na casa de ACM, Dalai Lama se encontrou com FHC.
A certa altura, o presidente apontou para o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) e brincou com a mistura entre política e religião:
- Esse deputado tem até cara de padre.
Gabeira emendou:
- Mas padre de oposição, que fique bem claro...


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