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ASSASSINATO
Deputado perde a imunidade parlamentar e não pode se candidatar por 8 anos
Câmara cassa mandato de Talvane
da Sucursal de Brasília
A Câmara cassou ontem o mandato do deputado Talvane Albuquerque (PTN-AL) por falta de decoro parlamentar. Com a cassação,
Albuquerque perde a imunidade
parlamentar e poderá ser julgado
como mandante da morte da deputada Ceci Cunha (PSDB-AL),
conforme concluiu o inquérito policial. O deputado também fica
proibido de se candidatar a cargos
eletivos por oito anos.
A Mesa da Câmara foi informada
de que a Justiça de Alagoas deverá
decretar hoje a prisão preventiva
de Albuquerque. O placar registrou 427 votos a favor da cassação,
29 contrários, 21 deputados se abstiveram e 1 votou em branco. A votação foi secreta.
Na tribuna, Talvane pediu mais
investigações. O deputado entregou à presidência um fax da Justiça
de Alagoas, no qual o ministro Renan Calheiros (Justiça), o ex-governador Manoel Gomes de Barros
(PTB-AL) e o ex-diretor da Polícia
Federal Vicente Chelotti são arrolados como testemunhas de defesa
do pistoleiro Maurício Novaes, o
"Chapéu de Couro".
"É um absurdo uma coisa dessas.
É uma total inversão de valores.
Estou sendo cassado por ter falado
com "Chapéu de Couro" e essas
pessoas são testemunhas de defesa
dele", disse Talvane.
O deputado revelou que seu plano é ficar em Brasília, onde pretende exercer a medicina. O deputado
é ginecologista e obstetra. "Eu sou
um bom médico", completou.
Com o atraso do parlamentar, o
presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), foi obrigado a
nomear um advogado de defesa
durante a sessão. O julgamento da
Câmara é político e disciplinar. O
processo não analisou se Talvane
foi ou não o mandante da morte de
Ceci Cunha, negada por ele.
O parecer do deputado Aloysio
Nunes Ferreira (PSDB-SP) concluiu que Talvane faltou com o decoro parlamentar pelos três fatos
apontados pela comissão.
Ou seja: por ter se relacionado
com "Chapéu de Couro", por ter
negociado com contrabandista e
por ter auxiliado na fuga de seus
assessores procurados pela polícia
como executores de Ceci Cunha.
Até as 23h30 de ontem, cerca de
dez homens da Polícia Federal estavam vigiando o edifício em que
Talvane mora em Brasília. A PF informou que a Justiça estadual de
Alagoas expediu um mandado de
prisão contra Talvane pelo caso
em que ele é acusado de ser o mandante da tentativa de assassinato
do radialista Alves Correia, em 93.
Segundo a PF, Talvane será preso, mas não se sabe ainda quando.
Hoje pela manhã, um delegado de
Alagoas trará os originais do mandado e uma carta precatória para
que seja efetuada a prisão. O advogado de Talvane diz que seu cliente
não poderá ser preso antes que decorra um prazo de 24 horas após a
publicação da cassação de seu
mandato no "Diário Oficial".
(DENISE MADUEÑO, LUIZA DAMÉ e
ABNOR GONDIM)
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