São Paulo, terça-feira, 08 de maio de 2001

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PAINEL

Mãos à obra
Preocupado, FHC entrou em ação pessoalmente para evitar que a sua popularidade despenque em maio. O presidente age para evitar a CPI, tenta reduzir os efeitos do racionamento de energia elétrica e já defende publicamente a punição a ACM e José Roberto Arruda.

Novo argumento
O governo FHC vai utilizar a substituição do ministro Fernando Bezerra como cartucho para tentar evitar a CPI. A intenção é nomear um peemedebista com bom trânsito na bancada, que consiga convencer parlamentares a retirar suas assinaturas do pedido da oposição.

Perfil difícil
O PMDB diz que o novo ministro da Integração Nacional precisa ter a moral inatacável, boa articulação no Congresso e trânsito em todas as alas do partido. "Jesus Cristo passa perto. Pena que não é filiado ao PMDB", ironiza um senador.

Primeiro os outros
Carlistas foram pressionados no fim de semana por governistas para retirar seus nomes da CPI. Mas não aceitaram. Argumento: a CPI deixará o caso do painel em segundo plano. Para benefício do senador baiano.

Funk paranaense
Roberto Requião (PMDB) vinha chamando, em discursos no Paraná, os irmãos Álvaro e Osmar Dias (PSDB) de "tchutchucas do FHC", por não assinarem a CPI. Ontem, após a adesão dos dois, Requião mudou o discurso: "Provaram que são tigrões".

Sem partido
A oposição tentará convencer Lauro Campos a deixar o Conselho de Ética. Precisa abrir uma vaga para Roberto Saturnino, o relator, que é suplente.

Santo de casa
De Paulo Hartung (PPS), sobre o caso Fernando Bezerra: "A oposição se esforça muito, mas não consegue fazer pelo seu projeto o que o governo faz por nós com seus escândalos".

Não entra no mérito
A defesa de Jader pretende pinçar o argumento do promotor José Vicente Miranda, segundo o qual o Ministério Público do Pará não pode abrir inquérito para investigar cheques que teriam ido parar em uma conta do senador no Rio.

Tempo ao tempo
ACM orientou sua tropa de choque a pedir vista do relatório de Saturnino Braga (PSB)-RJ, assim que o senador apresentá-lo ao Conselho de Ética. Quer ganhar tempo. O pefelista baiano avalia que as suas chances dependem da diminuição da pressão da opinião pública.

Alarme falso
ACM provocou suspense ontem no Senado ao subir à tribuna. Mas, ameaçado de cassação, deixou de lado os discursos ferinos contra Jader Barbalho e FHC. Tratou da crise do cacau.

Ordem médica
Jader Barbalho não voltou ontem a Brasília, como previsto. Ficou em Belém estudando o caso Banpará. Para todos os efeitos, está com uma "forte gripe".

Nova tentativa
Itamar Franco reúne-se com Leonel Brizola no dia 14 de maio no Rio de Janeiro. Tentará, mais uma vez, reaproximar o mineiro de Ciro Gomes (PPS).

Guerra de açúcar
Usineiros paulistas iniciaram uma guerra jurídica contra o governo Geraldo Alckmin pela liberação total da queima da palha da cana em São Paulo.

Apelo sentimental
Ameaçado de perder o controle do PMDB em São Paulo para o grupo do deputado Michel Temer, Orestes Quércia deve disputar a presidência do partido no Estado. A eleição está marcada para o dia 20 de abril.

Túnel sem luz
O racionamento chegou à Esplanada dos Ministérios: metade das lâmpadas do Ministério dos Transportes estão apagadas.

TIROTEIO

Do advogado Dalmo de Abreu Dallari, especialista em direito público, sobre a crise energética:
-A culpa, obviamente, é do governo, que foi omisso. E ainda privatizou empresas de energia sem exigir investimentos.

CONTRAPONTO

Pressão de fé

O senador Ney Suassuna (PMDB-PB), membro do Conselho de Ética, costuma ir à missa todos os domingos. Há três semanas, Suassuna foi à igreja de São Francisco, na Barra da Tijuca (Rio). Uma fiel o abordou:
- O senhor vota pela cassação de ACM e Arruda?
O senador respondeu que era cedo para manifestar uma posição. A mulher replicou:
- O senhor deve ouvir a opinião pública. É preciso cassá-los.
Na semana seguinte, na igreja Nossa Senhora de Fátima, em João Pessoa (PB), uma eleitora foi mais enfática. Depois de ouvir a resposta evasiva de Suassuna, reclamou:
- Vocês, políticos, são todos iguais, sempre saem pela tangente. Ninguém tem coragem de limpar o Congresso.
Desolado, Suassuna reclamou com os colegas no Senado:
- Se continuar assim, vou ter de deixar minha fé de lado.


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