|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ROMBO TRANSAMAZÔNICO
Presidente se reúne com ministro hoje, no Alvorada
FHC vê quebra de confiança e aguarda saída de Bezerra
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso quer que o ministro
da Integração Nacional, Fernando Bezerra, peça demissão por
entender que houve quebra de
confiança na relação dos dois.
Além disso, falta a Bezerra sustentação política para permanecer no
cargo. A saída do ministro deve
ser acertada hoje cedo, em reunião com o presidente.
Segundo auxiliares de FHC, o
ministro chegaria à conversa sabendo que FHC espera ouvir dele
um pedido de demissão. O porta-voz do desejo presidencial deve
ser o ministro Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral da Presidência), que poderia receber Bezerra ainda ontem à noite.
Ontem, já se discutia no Planalto um nome para substituí-lo. Um
deles era o do ex-presidente da
Câmara Michel Temer (PMDB-SP). Fernando Bezerra marcou
entrevista coletiva para hoje, a fim
de dar suas explicações.
Entre 1989 e 1998, Bezerra teve o
controle da Metasa (Metais Seridó S.A), empresa que recebeu R$
3,9 milhões da recém-extinta Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste).
Corregedora
O projeto da Metasa que recebeu financiamento não foi implementado de acordo com as regras
previstas. Levando em conta o período no qual Bezerra não detinha
o controle acionário da empresa,
ela recebeu, no total, R$ 6,6 milhões da Sudene.
Na avaliação de FHC, o ministro
deveria ter lhe dito que uma empresa de sua propriedade recebeu
recursos da Sudene. Afinal, estava
a cargo de Bezerra investigar a má
aplicação de recursos da Sudam e
da Sudene por parte de empresas.
A corregedora-geral da União,
Anadyr Rodrigues, cobrou formalmente explicações do ministro e deu a ele prazo de dez dias.
Sem apoio
A falta de sustentação partidária
também contribui para a provável queda do ministro. Apesar de
peemedebista, ele está de saída do
partido para o PTB. Quer disputar
o governo do Rio Grande do Norte contra o peemedebista Henrique Eduardo Alves.
Com a mudança para o PTB,
Bezerra entrou em rota de colisão
com a cúpula do PMDB. Ontem,
os dirigentes peemedebistas deixaram claro para FHC que não
dariam sustentação ao ministro.
De manhã, FHC recebeu no Palácio da Alvorada Renan Calheiros
(AL) e Sérgio Machado, líderes do
PMDB e do PSDB no Senado, respectivamente. Os parlamentares
saíram do encontro convencidos
de que Bezerra não se sustentaria.
Bezerra passou o dia de ontem
em Natal, montando uma espécie
de dossiê para apresentar a FHC.
Ele deseja provar que todos os desembolsos da Sudene foram legais. Seu principal argumento,
porém, será dizer que não foi ele
quem pleiteou os recursos da autarquia. Dirá que o pedido da Metasa à Sudene foi apresentado em
outubro de 1984 e aprovado em
março de 1986 pelo conselho deliberativo da autarquia.
O ministro diz que só entrou na
empresa em 1989. Mas quem fez a
operação Metasa-Sudene foi Benivaldo Alves de Azevedo, ex-colaborador do ministro.
Benivaldo foi secretário-executivo do Ministério da Integração
Nacional entre entre dezembro
do ano passado e abril deste ano.
O segundo de Bezerra no ministério caiu na véspera da divulgação
de um grampo telefônico da PF
(Polícia Federal), no qual era acusado de negociar liberação de verbas da Sudam.
Amigo de infância de Bezerra,
Benivaldo foi assessor do ministro na CNI (Confederação Nacional da Indústria). Bezerra é presidente licenciado da entidade.
Ontem, Bezerra chegou a desmarcar uma entrevista em Natal.
Sua chegada a Brasília estava prevista para o começo da noite.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Empresário diz que desafia o ministro Índice
|