São Paulo, terça-feira, 08 de maio de 2001

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JANIO DE FREITAS
Corrupção & cia.

As evidências de que o ministro Fernando Bezerra está chafurdado nas ilegalidades da Sudene, tratadas pelos jornais e TVs com tanta discrição quanto possível, emergiram em ocasião apropriada.
Não se pode negar que, nas circunstâncias, a discrição também tenha sido apropriada, pois se trata de um governista, um aliado. Até aqui, muito prestigiado pelo presidente que o nomeou e que, quando impossível esconder a criminalidade na Sudam e na Sudene, adotou providencias tangenciais, para assim manter no governo o ministro responsável pela área apodrecida e no entanto omisso - o que, entende-se, era também muito apropriado, ao menos para o ministro mesmo.
A exploração que Fernando Henrique Cardoso tem feito do caso Antonio Carlos/Arruda não se volta para os dois. Seu ataque se dirige sempre ao Congresso, designado nominalmente. Foi sempre assim, desde os primórdios do primeiro mandato. O teor, nas últimas semanas, trata de localizar no Congresso a fraude, a mentira, "a sujeira", em contraste com a limpidez do governo. Mas a corrupção propriamente, a corrupção que saqueia os cofres públicos, está é no governo. Deputados ou senadores que dela se beneficiem são indivíduos, enquanto o aparelho da corrupção é integrante do governo, composto por nomeados do governo (nos postos decisórios, pelo presidente) e acobertada por omissão, incapacidade ou interesses de um ou vários dos que fazem a cara do governo.
Sudam e Sudene, com os quase R$ 4 bilhões de desvios já constatados nos seus cofres, demonstraram a primeira parte da equação, como aparelhos governamentais, e Fernando Bezerra vem colaborar com a demonstração da segunda parte.

Ociosas
Doze dos parlamentares que assinaram o requerimento de CPI da Corrupção pediram que seus nomes não fossem revelados, dada a ameaça de retaliação por parte do governo.
Isso se enquadra em Estado de Direito? As instituições constitucionais estão íntegras e imunes? Estamos sob regime democrático?

O "outro lado"
O senador Antonio Carlos Magalhães se sente injustiçado, perseguido e linchado. Tem uma boa ocasião para refletir sobre certas experiências da vida. Está experimentando, pena que não fosse em tempo de talvez extrair lições, o que tanto fez a tanta gente.


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