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JANIO DE FREITAS
Corrupção & cia.
As evidências de que o ministro Fernando Bezerra está chafurdado nas ilegalidades
da Sudene, tratadas pelos jornais e TVs com tanta discrição
quanto possível, emergiram em
ocasião apropriada.
Não se pode negar que, nas
circunstâncias, a discrição também tenha sido apropriada, pois
se trata de um governista, um
aliado. Até aqui, muito prestigiado pelo presidente que o nomeou e que, quando impossível
esconder a criminalidade na Sudam e na Sudene, adotou providencias tangenciais, para assim
manter no governo o ministro
responsável pela área apodrecida e no entanto omisso - o que,
entende-se, era também muito
apropriado, ao menos para o
ministro mesmo.
A exploração que Fernando
Henrique Cardoso tem feito do
caso Antonio Carlos/Arruda
não se volta para os dois. Seu
ataque se dirige sempre ao Congresso, designado nominalmente. Foi sempre assim, desde os
primórdios do primeiro mandato. O teor, nas últimas semanas,
trata de localizar no Congresso
a fraude, a mentira, "a sujeira",
em contraste com a limpidez do
governo. Mas a corrupção propriamente, a corrupção que saqueia os cofres públicos, está é
no governo. Deputados ou senadores que dela se beneficiem são
indivíduos, enquanto o aparelho da corrupção é integrante
do governo, composto por nomeados do governo (nos postos
decisórios, pelo presidente) e
acobertada por omissão, incapacidade ou interesses de um ou
vários dos que fazem a cara do
governo.
Sudam e Sudene, com os quase R$ 4 bilhões de desvios já
constatados nos seus cofres, demonstraram a primeira parte
da equação, como aparelhos governamentais, e Fernando Bezerra vem colaborar com a demonstração da segunda parte.
Ociosas
Doze dos parlamentares que
assinaram o requerimento de
CPI da Corrupção pediram que
seus nomes não fossem revelados, dada a ameaça de retaliação por parte do governo.
Isso se enquadra em Estado de
Direito? As instituições constitucionais estão íntegras e imunes?
Estamos sob regime democrático?
O "outro lado"
O senador Antonio Carlos Magalhães se sente injustiçado, perseguido e linchado. Tem uma
boa ocasião para refletir sobre
certas experiências da vida. Está
experimentando, pena que não
fosse em tempo de talvez extrair
lições, o que tanto fez a tanta
gente.
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