São Paulo, domingo, 08 de maio de 2005

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PAINEL

Adeus às ilusões 1
Lula, que primeiro cortejou o PMDB, depois namorou outras siglas e mais à frente voltou a tratar o PMDB como parceiro preferencial, já demonstra ceticismo quanto à possibilidade de ter o partido em seu palanque.

Adeus às ilusões 2
"É difícil", desabafou o presidente a integrantes da comitiva que o acompanhou a Campinas na sexta. "Temos problemas históricos." Lula acha que leva uma parte do PMDB, mas não o tempo de televisão do partido.

Todos os ovos...
Segundo um conhecedor da matemática político-eleitoral, Lula erra ao concentrar a estratégia de sua campanha reeleitoral no esforço para evitar um segundo turno a todo custo.

...na mesma cesta
Isso porque, confirmado o fim da verticalização, basta contar o número de candidaturas certas e com algum potencial de voto para concluir que o segundo turno é um dado de realidade. Por essa lógica, seria melhor Lula começar a escolher quem prefere enfrentar na etapa final.

Vôo solo
Do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, sobre o apoio a Lula em 2006: "Seguiremos com ele até a beira do abismo, mas não vamos pular junto".

Campeão de audiência
Após usar o tempo dos nanicos PTC e PSC, repetindo sua estratégia de 2002, Anthony Garotinho deverá abocanhar generosa fatia do programa do PMDB, no dia 19. Baterá em juros, juros e juros. Mas preservará Lula, com quem ensaia encontro.

Cabeça feita
Um aliado de Geraldo Alckmin duvida que o tucano se abale com a conversa dos que defendem sua desistência da candidatura presidencial para que o governo paulista não caia no colo do PFL. "Ele vai pensar primeiro nele. Até porque o PSDB não está pensando muito."

Deu pau
O próximo tema a dividir ideologicamente o governo, como aconteceu com a questão dos transgênicos, será a implementação do software livre. Antes considerado prioritário, o projeto já coleciona adversários de peso na Esplanada.

De leve
No fórum promovido pela Microsoft, ao qual compareceram parlamentares brasileiros, há duas semanas, Bill Gates tocou rapidamente no assunto e fez restrições ao software livre.

Mudança de vento
Sérgio Amadeu, responsável pela implantação dos sistemas, queixou-se a pessoas próximas que o projeto do software livre, antes uma decisão de governo, agora está cercado de incertezas.

Placar desfavorável
Intervenção federal nos hospitais do Rio, competência do STF para decidir a respeito de CPIs, investigação sobre Henrique Meirelles. O procurador-geral da República, Claudio Fonteles, teve uma parecer atrás do outro rejeitado pelo Supremo.

Nuvem de fumaça
Provável indicado pelo Senado para compor o CNJ, Joaquim Falcão idealizou, pela Fundação Getúlio Vargas, um convênio em que a Souza Cruz doou recursos para informatizar o Judiciário. A iniciativa gerou ação civil pública movida por dois procuradores em Brasília.

Solução doméstica
O nome mais forte para integrar o Conselho Nacional do Ministério Público na vaga do Senado é o do advogado-geral da Casa, Alberto Cascais.

À francesa
O presidente da Previ, Sérgio Rosa, procurou parlamentares petistas para que o ajudem a escapar de um debate com Valmir Camilo, seu adversário no conselho deliberativo, a respeito da administração do fundo.

TIROTEIO

Do prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (PFL), sobre a entrada de mais nove medidas provisórias na pauta do Senado:
-A natureza da esquerda tradicional é antilegislativa. O governo do PT fechou o Congresso sem o Exército, só com MPs impedindo as votações.

CONTRAPONTO

Perigo: carro-bomba

Na época em que as vacas petistas eram magras, mesmo as figuras de ponta do partido andavam em carros de militantes.
Na campanha municipal de 1996, o então deputado federal José Genoino pedia votos para candidatos do PT no interior paulista. De Fernandópolis iria a São José do Rio Preto tomar o vôo de volta a São Paulo.
Atrasado, Genoino entrou no carro do então coordenador do PT na região, Ângelo Bolzan, um Fiat Panorama 81 verde-metálico, apelidado de "Varejeira".
O automóvel era um caco: tremia ao passar de 80 km/h, a porta e o vidro não fechavam direito e o capô ameaçava levantar.
Apavorado, Genoino se segurava no painel e pisava num freio imaginário. Na enésima levantada do capô, não se conteve:
-Isto não é um carro, é uma aventura. Descer de avião no Araguaia na época da guerrilha era bem mais seguro.


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