São Paulo, terça-feira, 08 de maio de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Ninguém viu

A indefinição na partilha de cargos do segundo escalão acendeu o sinal amarelo no PT, que vê na demora indício de que as "porteiras abertas" em ministérios de aliados podem ficar só no discurso presidencial.
Os dirigentes, que chegaram a criar um grupo para receber nomes de seus comandos regionais e setoriais, de deputados e senadores, cobraram no final de abril uma definição dos ministros Paulo Bernardo (Planejamento) e Luiz Dulci (Secretaria-Geral), integrantes da comissão do governo que cuida do assunto, mas não houve resposta. A relação com Mares Guia (Relações Institucionais), dizem, também não prosperou. A Executiva da sigla deve avaliar a situação em reunião na próxima segunda. No Planalto, a previsão é que a ocupação de cargos seja concluída só em julho.

Ferida. O trauma causado pelo motim dos controladores na Aeronáutica está longe de ter sido curado. Oficiais fizeram chegar à CPI do Apagão Aéreo: não gostariam que os sargentos fossem chamados a depor. Estes, no entanto, pediram para serem ouvidos.

Aéreos. Do líder do governo na Câmara, José Múcio (PTB-PE), sobre a convocação do astronauta Marcos Pontes para depor na CPI: "O pessoal deve ter confundido a gravidade da crise aérea com a falta de gravidade no espaço".

Bagunça. O PSDB passou o dia de ontem dizendo que a convocação de familiares das vítimas do desastre da Gol não é para agora. Não sabia que Geraldo Thadeu (PPS-MG), o mesmo que quer o astronauta na CPI, havia apresentado requerimento pedindo exatamente o contrário.

Vão em frente. Do ex-senador Jorge Bornhausen (DEM-SC), sobre a idéia de Miro Teixeira (PDT-RJ) de investigar a venda da Brasif, da qual foi vice-presidente: "Se a única coisa que o governo tem para atingir a oposição é isso, vão se dar mal, porque nunca tive ações da empresa".

De bem. A bronca do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), é com o governo, e não com o líder José Múcio (PTB-PE), dizem aliados que acompanharam o imbróglio do aumento do repasse para os municípios, abortado pela Receita mesmo depois de prometido por Lula.

Barrado. Parecer de técnicos do TSE recomenda a rejeição das contas de Geraldo Alckmin na campanha presidencial de 2006. O tucano não movimentou a conta de candidato, deixando o fluxo de dinheiro a cargo de seu comitê, o que é irregular, segundo o corpo técnico do tribunal.

E eu? No balanço do PAC ontem, mesmo com Alfredo Nascimento à mesa, Dilma Rousseff e Paulo Bernardo chamavam o secretário-executivo dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, de "ministro".

Choro. Construtoras procuraram a pasta da Integração Nacional a fim de adiar a data de entrega de propostas para a licitação da transposição do São Francisco. Queriam rediscutir o preço da obra, considerado muito baixo. O ministério deu de ombros e receberá os envelopes amanhã.

Miscigenação. Governistas e opositores se uniram para tentar incluir no PAC um projeto do governo paulista de R$ 50 milhões contra enchentes no Pirajussara. O córrego passa por Taboão da Serra, onde o prefeito é do PSB, Embu, de gestão petista, e São Paulo, nas mãos do DEM.

Onda. Enquanto Lula falava sobre aborto a emissoras católicas, as frentes parlamentares Evangélica e da Defesa da Família preparavam texto para ser entregue hoje ao vice José Alencar. Querem que o governo se declare contrário à descriminalização da prática.

Nicho. O PSOL fechou lista de 22,5 mil filiados aptos a escolher os delegados de seu congresso, em junho. "Já somos os maiores dos que estão à esquerda do PT", diz o deputado Chico Alencar (RJ).

Tiroteio

"Se governo já tem dificuldade de lidar com bagres ensaboados no Congresso, deveria saber que numa área técnica, como a ambiental, não se consegue nada via pressão política".
De MARIO MANTOVANI, diretor da Fundação S.O.S. Mata Atlântica, sobre a polêmica das licenças ambientais para as obras do PAC.

Contraponto

Déficit nominal

Em reunião da bancada do PT duas semanas atrás, os deputados discutiam a conjuntura econômica quando foram chamados a comparecer ao plenário.
-Líder, quanto tempo eu tenho para falar? -, questionou Antonio Palocci (SP), na tentativa de fazer sua intervenção antes da saída dos colegas.
Coube a Virgílio Guimarães (MG) propor uma fórmula matemática para o ex-ministro da Fazenda:
-Fale mais que o PIB e menos que os juros!
Todos caíram na risada. Mas Palocci deu de ombros para o critério: passou com folga dos 12 minutos e meio que corresponderiam aos 12,5% da taxa Selic.


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