MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um relatório da Polícia Federal diz que o secretário nacional do Ministério da Justiça, Romeu Tuma Jr., tentou ajudar um grupo de sete pessoas presas com US$ 123 mil no aeroporto de Cumbica. O grupo incluía a filha e o sogro da deputada estadual Haifa Madi (PDT).
Pela lei brasileira, cada viajante pode embarcar para o exterior com R$ 10 mil sem necessidade de declarar o valor- ou seja, o grupo levava R$ 118 mil acima do limite.
As prisões ocorreram na Operação Santa Teresa, que investigou suposto esquema de desvio de recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social ).
De acordo com a PF, os US$ 123 mil seriam de Farid Madi, prefeito cassado do Guarujá e marido da deputada. Os presos diziam estar levando o recurso para familiares no Líbano.
Tuma Jr. confirmou à Folha que recebeu um telefonema da deputada e outro de um assessor dela. Numa das conversas, segundo ele, Madi teria perguntado sobre o limite de dinheiro com que se pode viajar: "É US$ 10 mil ou R$ 10 mil?".
O secretário nacional de Justiça consultou o assessor Paulo Guilherme Melo, mas não conseguiu ligar de volta para a deputada no mesmo dia.
Dois dias depois, ainda segundo Tuma Jr., foi consultado pelo assessor e teria dito: "Tá putrefato o corpo. Foda-se. Não dá para fazer nada".
Os familiares de Madi ficaram detidos por 40 horas, foram liberados pela Justiça e respondem a ação penal por evasão de divisas.
Segundo Tuma, é sua obrigação funcional prestar informações quando solicitado, como teria ocorrido com a deputada.
Madi diz que ligou para várias pessoas no episódio, mas não se recorda de ter falado com Tuma Jr. "Eu perguntava para todo mundo se o limite era R$ 10 mil ou US$ 10 mil."
Ela nega a prática de evasão de divisas: "A minha filha levava US$ 1 mil acima do limite. Isso não é evasão de divisas. Fiquei revoltada porque era tudo gente do bem".


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