São Paulo, sexta, 8 de maio de 1998

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REFORMA
Em reunião, FHC decide tratar deputados que são contrários a emenda da Previdência como oposicionistas
Governo fará retaliação contra dissidentes

da Sucursal de Brasília

O governo vai tratar como oposicionistas os deputados que votarem contra a reforma da Previdência. Segundo os líderes governistas que participaram ontem de uma reunião com o presidente Fernando Henrique Cardoso, foi decidido que os dissidentes não terão liberação de emendas feitas ao Orçamento e não poderão indicar afilhados para cargos políticos.
A reunião de FHC ontem com os líderes ocorreu após a derrota de anteontem na votação do dispositivo da reforma que estabelecia idade mínima para aposentadoria.
Os líderes foram autorizados por FHC a barrar os pleitos dos governistas dissidentes. Eles afirmaram que o parlamentar que recebe apoio do governo e depois vota contra as propostas para não contrariar as bases não será mais considerado aliado.
"Não dá para votar contra e ser governo só no gabinete. Não dá para o deputado (que votar contra) ter espaço no governo, ir lá pedir cargos. Ele deixará de ser governo e não participará dos êxitos do governo", disse o líder do PSDB, Aécio Neves (MG).
Para os líderes, os deputados de partidos aliados que não acompanham o governo devem procurar outros caminhos para sobreviver politicamente.
"Esses deputados devem defender teses da oposição e subir no palanque da oposição. Eles receberão de Lula (pré-candidato do PT à Presidência) tratamento vip", afirmou o líder do PMDB, Geddel Vieira Lima (BA).
Ontem o PSDB tomou a primeira atitude prática para forçar os votos do partido. A Executiva Nacional fechou questão a favor da reforma da Previdência. Os deputados que votarem contra poderão ser punidos de acordo com o estatuto, que prevê até a expulsão.
"É hora de coerência e firmeza. Não é tempo de vacilação, omissão ou tergiversações", disse a cúpula tucana em nota oficial.
Os líderes governistas estão analisando o mapa de votação para identificar os dissidentes e os motivos do voto contrário. Segundo eles, não haverá mais negociação de pontos do projeto.
(LUIZA DAMÉ e DENISE MADUEÑO)



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