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São Paulo, domingo, 08 de junho de 2003

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SINDICALISMO

Metalúrgico diz que primeiro desafio é mobilizar sindicatos a contestar pontos da reforma da Previdência

Luiz Marinho é eleito presidente da CUT

SANDRA BALBI
VINICIUS ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

Após três anos, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) volta a ser presidida por um metalúrgico. A chapa Unir a CUT, do candidato Luiz Marinho, 44, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, elegeu-se ontem com 1.950 votos (74,6% do total) para um mandato de três anos. A oposicionista CUT Independente e Democrática, definida apenas anteontem, obteve 661 votos -23,3%.
Maior central sindical do país, a CUT diz ter cerca de 3.300 entidades filiadas e representar aproximadamente 22 milhões de trabalhadores.
A chapa de Marinho é formada principalmente pela corrente Articulação Sindical, alinhada com a tendência majoritária do PT. A oposição é uma frente composta pelas correntes de esquerda MTS (Movimento por uma Tendência Socialista) e Fortalecendo a CUT, ligada aos "radicais" do PT.
Ao assumir o comando da central, das mãos do professor João Felício, Marinho afirmou que o primeiro desafio a ser enfrentado pelos sindicatos filiados é a "mobilização dos trabalhadores para obrigar o governo a abrir negociação para mudar pontos da reforma da Previdência que ferem os interesses dos assalariados".
O líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), João Pedro Stedile, convocou os sindicalistas, ao final do congresso, a "não gastar energia fazendo oposição ao governo, mas sim mobilizando os trabalhadores para fazer as mudanças que o país precisa. O movimento social não pode cair no erro de ficar esperando tudo do governo nem fazer oposição sistemática".
Criticado pela oposição por ter sido indicado por Lula para concorrer à presidência da CUT, Luiz Marinho disse que vê com tranquilidade a relação da central com o governo. Segundo ele, tal relação não será "adesista nem governista". "A central, em alguns momentos, apoiará de forma tranquila e transparente ações do governo, quando corresponderem aos interesses dos trabalhadores." (leia entrevista nesta página).
Um dos temas que deverão mobilizar a central é o debate sobre a taxa de juros. "Vamos negociar com banqueiros e empresários para chegarmos à redução efetiva das taxas de juros, até porque há uma hipocrisia nesse debate."
Segundo Marinho, a taxa Selic é aquela com que o governo remunera seus títulos, e há o juro real praticado, que faz o consumidor pagar mais de 100% ao ano, seja no cartão ou no cheque especial.
"Se o governo continuar remunerando seus títulos em um patamar superior à lucratividade do mundo produtivo, isso criará um obstáculo à produção e um incentivo ao aumento do juro real."



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