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São Paulo, domingo, 08 de junho de 2003

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Para sindicalista, central manterá independência em relação a Lula

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O metalúrgico Luiz Marinho chega à presidência da CUT (Central Única dos Trabalhadores) com um desafio: manter a independência da central em relação ao governo Lula.
Sua indicação ao cargo, feita pelo próprio presidente, foi alvo de críticas das correntes de esquerda na central. No comando do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC desde 1996, ele promete "saber cobrar o governo quando for preciso" e diz que o primeiro embate será travado na proposta da reforma da Previdência Social.
Leia a seguir trechos de entrevista concedida à Folha.
 

Folha - O que vai mudar na CUT com o sr. no comando?
Luiz Marinho -
Queremos ampliar a comunicação com os sindicatos filiados e aperfeiçoar nosso papel com os trabalhadores. A CUT tem de estar mais próxima da sociedade e mostrar o que faz.

Folha - Qual vai ser o papel da CUT no governo Lula, dada a ligação entre a central e o presidente?
Marinho -
O vínculo é histórico, uma vez que ele foi fundador da CUT. Mas hoje Lula é governo. A CUT tem a responsabilidade de ter colaborado com a vitória do presidente Lula. Mas tem a obrigação de separar essa participação da sua tarefa sindical. Não pode ter uma prática de adesão. Tem de manter sua independência em relação ao governo, aos partidos políticos e a credos religiosos.

Folha - Como a central vai buscar essa autonomia?
Marinho -
É difícil. Mas vamos apoiar as medidas do governo que interessam aos trabalhadores e criticar e fazer manifestações contra o que não interessa. Se preciso, iremos à greve para cobrar o governo. A central não pode cair no isolamento, tem de negociar. A CUT terá o papel decisivo de se contrapor a reformas como a da Previdência. Vamos pressionar para aprovar mudanças.

Folha - Como a CUT vai agir em relação à reforma da Previdência?
Marinho -
Não concordamos com o conteúdo da proposta do governo, apesar de defendermos a necessidade da reforma. Queremos que o governo abra um processo de negociação, envolvendo o Congresso, e aumente, por exemplo, o teto estabelecido [de R$ 2.400] para R$ 4.800. Somos contra a taxação dos inativos.

Folha - Alguns setores da CUT dizem que a proposta do governo vai resultar em privatização da Previdência. O sr. concorda?
Marinho -
A proposta prevê aposentadoria complementar com fundo de pensão público, fechado, sem fins lucrativos. Os trabalhadores que recebem acima do teto teriam direito a um fundo de pensão público. Dizer que caminha para a privatização é irreal.



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