São Paulo, terça-feira, 08 de junho de 2004

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OPERAÇÃO VAMPIRO

Data do depoimento de Delúbio Soares ainda não foi definida

PF convocará tesoureiro do PT para depor sobre doação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal irá convocar o secretário nacional de Finanças do PT, Delúbio Soares, para prestar depoimento no âmbito das investigações relacionadas à Operação Vampiro. A data do depoimento ainda não foi definida.
Os investigadores querem saber se havia a relação de Delúbio com outros personagens da suposta quadrilha responsável por fraudes em compras realizadas pelo Ministério da Saúde. Registrado no inquérito, há o depoimento do lobista Francisco Danúbio Honorato, que citou o petista.
Segundo Honorato, o também lobista Laerte Corrêa Júnior arrecadou dinheiro para campanhas políticas do PT, com o conhecimento de Delúbio. Na semana passada, em entrevista à Folha, Delúbio confirmou ter encontrado Corrêa, mas negou irregularidades nas contas do partido entregues à Justiça.
Corrêa, que estava foragido desde o início do mês, entregou-se à PF na tarde de sábado em São Paulo. Ele deve ser transferido para Brasília nos próximos dias.
De acordo com o tesoureiro do PT, os laboratórios farmacêuticos doaram de R$ 1,5 milhão a R$ 1,6 milhão às contas de campanha do partido. Levantamento da Folha demonstra, porém, que as doações somam R$ 1,075 milhão ao comitê financeiro do PT e ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva na corrida eleitoral em 2002. Apenas um dos 12 laboratórios está sob investigação na Operação Vampiro. Para esclarecer a dúvida, Delúbio determinou um levantamento nas contas repassadas à Justiça eleitoral, que deve ficar pronto até amanhã.
A Operação Vampiro foi deflagrada em maio, com a prisão de 17 pessoas, entre empresários, servidores públicos e lobistas. Foram detectados indícios de fraude na aquisição de derivados do sangue, insulina e preservativos. A PF analisa material apreendido para verificar o alcance da quadrilha.

Caixa eleitoral
Em conversas informais com investigadores, alguns suspeitos confirmaram que parte do valor obtido era reservado para caixa de campanha, sem especificar para qual campanha. Um delegado federal envolvido nas investigações disse à Folha que o caixa será investigado, mas ainda há pouco para direcionar o inquérito totalmente para esse ponto.
Há argumentos práticos, como o fato de que mais indícios surgirão com o aprofundamento das investigações, e técnicos: se a investigação tomar o rumo de crime eleitoral, o inquérito é repassado para a Justiça Eleitoral, o que limita a ação dos policiais.
A solução encontrada pela PF é obter provas de maior consistência sobre a caixa de campanha e depois desmembrar o inquérito em outros, específicos.
Até agora, a ênfase das investigações é mapear o patrimônio dos suspeitos. Ontem, a PF confirmou a existência de bens do lobista Jaisler Jabour de Alvarenga, preso em Brasília, e de familiares seus no exterior. (AM E ID)


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