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PIRATARIA
Presidente do PP, apontado por relatório de CPI como membro de grupo de contrabando de cigarros, diz que acusações são ilações
Em nota, deputado nega elo com quadrilha
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente nacional do PP,
deputado Pedro Corrêa (PE), negou ontem, em nota à imprensa,
"qualquer envolvimento" com
uma quadrilha de contrabando
de cigarros, como aponta relatório da CPI da Pirataria encaminhado à Corregedoria da Câmara.
Segundo o relatório, revelado
pela Folha ontem, Corrêa teria o
papel de dar proteção política à
organização da qual também fariam parte familiares do deputado e o empresário Ari Natalino da
Silva, que é investigado em dezenas de inquéritos e processos,
acusado de sonegação fiscal e
adulteração de combustíveis.
O documento, de 108 páginas,
foi produzido pela área de inteligência da CPI a partir do trabalho
da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal. O assunto também é investigado pelo Ministério
Público Federal de Brasília.
"Toda e qualquer alusão e referência a meu nome dizem respeito a situações que decorrem de
meras e infundadas ilações ou a
fatos que não dizem respeito ao
contexto investigatório", afirmou
Corrêa. Ainda na nota, ele reitera
a "irrestrita confiança na seriedade dos trabalhos da referida Comissão Parlamentar de Inquérito", da qual estaria à disposição.
Ao finalizar o texto, o deputado
afirma que só voltará a se manifestar sobre o assunto, "se necessário, após a conclusão dos respectivos trabalhos [da CPI]".
Trabalho "impossível"
O corregedor da Câmara, Luiz
Piauhylino (PTB-PE), afirmou,
em ofício ao presidente da Casa,
João Paulo Cunha (PT-SP), que é
"impossível" continuar o processo aberto para investigar as relações entre Corrêa e Ari Natalino.
De acordo com Piauhylino, a
apuração parou porque a Justiça
Federal negou-lhe acesso a um
conjunto de gravações nas quais
haveria indícios de que o presidente do PP seria intermediário
dos interesses de Ari Natalino.
Segundo o relatório da CPI, os
maiores indícios do envolvimento de Corrêa com a suposta quadrilha estão no conjunto de 12 interceptações telefônicas feitas pela polícia entre janeiro e fevereiro
de 2003. A Folha teve acesso à íntegra das gravações. Alguns diálogos sugerem que Ari Natalino teria no deputado um defensor de
seus interesses no âmbito da ANP
(Agência Nacional do Petróleo).
As fitas foram encaminhadas
pela 10ª Vara da Justiça Federal
em Brasília em dezembro de 2003
ao STF (Supremo Tribunal Federal), foro para investigar Corrêa.
Sem "panos quentes"
O presidente da Câmara afirmou ontem que, se a CPI da Pirataria apresentar provas que incriminem Corrêa, a Casa não vai colocar "panos quentes" sobre a história. "Tudo o que a CPI apontar
com provas, vamos evidentemente dar andamento. Ninguém aqui,
por ter mandato ou por não ter
mandato, terá panos quentes, todo mundo será investigado e, se
for culpado, será punido", disse.
João Paulo afirmou que é preciso tomar cuidado para não julgar
sem comprovações, mas, questionado, concordou que o caso de
Corrêa constrange os deputados.
Já o líder da bancada do PP na
Câmara, Pedro Henry (MT), disse
que vai esperar o relatório final da
CPI, que deverá ser entregue hoje,
para fazer comentários. "Não vou
falar em cima do que não existe,
até porque sou membro [suplente] da comissão e desconheço o
relatório", afirmou. De acordo
com o deputado, não haveria, a
princípio, fato novo sobre o caso.
Há grandes chances de Corrêa
ser excluído do documento final.
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