São Paulo, quinta-feira, 08 de junho de 2006

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507 sem-terra são levados a presídio após depoimento

Lula Marques/Folha Imagem
Militantes passam a noite detidos no ginásio Nilson Nélson


Polícia autua integrantes do MLST por formação de quadrilha, crime contra o patrimônio público e corrupção de menores

Líderes negam que invasão tenha sido premeditada, mas militantes dizem que receberam instruções; Justiça decide sobre prisões


LETÍCIA SANDER
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Integrantes do MLST (Movimento de Libertação dos Sem-Terra) que anteontem invadiram e depredaram a Câmara foram encaminhados ontem ao Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.
A Polícia Judiciária da Câmara autuou 507 pessoas por crime contra o patrimônio público, formação de quadrilha e corrupção de menores. Entre esses, três líderes do movimento também foram citados por tentativa de homicídio devido aos ferimentos provocados a seguranças. Quarenta e dois menores de idade foram encaminhados a dois abrigos.
Ainda ontem, a polícia da Câmara faria a comunicação das prisões em flagrante a um juiz federal ou ao Ministério Público Federal. Caberá ao juiz que receber a comunicação determinar se há elementos que justifiquem que as pessoas permaneçam presas à disposição da Justiça. O Ministério Público Federal decidirá se oferece ou não denúncia contra os citados.
Na madrugada de ontem, na sede da 2º Delegacia de Polícia de Brasília, foram tomados os depoimentos de 11 pessoas consideradas líderes do MLST, entre eles, o petista Bruno Maranhão. Também foi ouvida na 2ª DP Francielli Denizia Asêncio, que aparece em filmagens depredando computadores. Nos depoimentos, a maioria negou ter havido ação premeditada.
Eles chegaram à 2ª DP por volta das 19h de terça-feira. Passaram a noite algemados nos corredores da delegacia. Não dormiram nem receberam comida, diferentemente dos outros 495 liderados, que foram encaminhados para um ginásio e receberam a mesma comida servida na Papuda. Ontem, foram encaminhados ao Instituto Médico Legal para exame de corpo de delito e, depois, levados à cadeia.
Segundo a Polícia Militar, eles ficarão em uma ala da penitenciária que ainda não foi inaugurada. Por isso, não terão contato com os demais presos.
As 495 pessoas que estavam detidas até ontem no ginásio Nilson Nelson, onde prestaram depoimento à Polícia Legislativa da Câmara, foram encaminhadas à Papuda sem passar pelo IML, para serem melhor acomodadas e por questões de segurança, segundo a polícia.
Divididos em grupos formados por homens e mulheres, 30 deles foram atendidos por um posto médico instalado no local e três tiveram de passar por consultas no HRAN (Hospital Regional da Asa Norte).
"Houve casos de hipertensão, infecção urinária e de gente que esqueceu de tomar medicação para diabetes", afirmou a médica Walkiria Carvalho.
O coronel Edson Barbosa Silva, do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar, disse que alguns manifestantes presos foram instruídos a participar da invasão da Câmara anteontem de manhã. "Alguns deles dizem que vieram para Brasília conhecer o presidente e que chegaram aqui e receberam a informação que iriam fazer aquilo", declarou.
No início da tarde de ontem, a Polícia Militar localizou os ônibus usados pelo MLST e recolheu a bagagem dos manifestantes. Depois de revistado, o material foi entregue a eles.


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