São Paulo, quinta-feira, 08 de junho de 2006

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MST deixa usina da família de líder do MLST

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Cerca de 150 lavradores do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) foram retirados ontem pela Polícia Militar da usina Estreliana, em Pernambuco, propriedade da família do líder do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra) Bruno Maranhão.
A ação foi determinada pela Justiça, atendendo solicitação dos proprietários. Os sem-terra estavam acampados ao lado do engenho Pereira Grande, que já foi desapropriado para fins de reforma agrária e se encontra em fase de imissão de posse.
A família de Bruno Maranhão e o MST disputam há anos parte das terras da usina, localizada em Gameleira (110 km de Recife). Em novembro de 2005, 300 agricultores atacaram o local e atearam fogo em plantações de cana-de-açúcar, dois tratores e uma motocicleta.
Um mês depois, o MST voltou com 2.000 pessoas e entrou em confronto com a polícia, que usou bombas de efeito moral. Os sem-terra responderam com pedradas.
O líder do MLST não se envolve no conflito, que inclui ainda pedidos de falência, reclamações trabalhistas e cobranças de dívidas com a União. Maranhão abriu mão do controle das empresas da família, uma das mais tradicionais e ricas do Estado, para participar de movimentos revolucionários.
Engenheiro mecânico, ele recusou o convite do pai, quando jovem, para administrar uma das empresas do grupo, a destilaria Liberdade. Comunicou à família seu envolvimento político e assumiu suas ações.
Maranhão participou de movimentos estudantis e foi um dos fundadores do PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário), organização que financiava a guerrilha com assaltos a bancos e seqüestros.
Acuado pelo regime militar, ele viveu na clandestinidade, no Chile e em Paris. Com a anistia, retornou ao Brasil e ajudou a fundar o PT, partido que dirigiu em Pernambuco entre 1983 e 1985. Disputou eleições para o Senado e a Prefeitura de Recife.
Devido ao tumulto promovido pelo MLST na Câmara, anteontem, ele foi afastado ontem da Executiva Nacional do partido. Maranhão foi um dos líderes da invasão.


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