São Paulo, segunda-feira, 08 de julho de 2002

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CAMPANHA NAS RUAS

Em comício em Sobral (CE), candidato do PPS critica o PSDB no governo federal e volta a desafiar o mercado

Ciro ataca Serra e faz campanha para Tasso

PATRICIA ZORZAN
ENVIADA ESPECIAL A SOBRAL (CE)

Tecnicamente empatado com o tucano José Serra em segundo lugar nas pesquisas, o candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, escolheu o PSDB como alvo anteontem à noite em seu primeiro comício, em Sobral (CE). Apesar disso, pediu votos para seu padrinho político, Tasso Jereissati, candidato tucano ao Senado.
"Nosso outro senador é esse grande cearense, que todo o Brasil respeita, e por quem peço, mais uma vez, até sem necessidade, porque ele merece o voto de todos: Tasso Jereissati." PPS e PSDB são aliados informais no Estado. Ciro apóia o senador tucano Lúcio Alcântara para o governo.
Diante de público estimado em 20 mil pessoas pela PM, Ciro voltou a atacar os "especuladores internacionais" e as "nações e potências" estrangeiras, dizendo que não admitirá intromissões em seu eventual governo.
"Não vai acontecer mais de, no dia seguinte de eu tomar posse, se for a vontade de Deus e do povo livre do Brasil, que as nações e as potencias estrangeiras venham aqui dizer quanto devemos gastar com a educação das nossas crianças, quanto vamos gastar com a saúde do nosso povo. Muito menos serão os agiotas internacionais que virão dizer qual a taxa de juros ou qual a forma de o Brasil praticar o controle da inflação."

Recado ao mercado
Ciro disse não temer que o discurso inflamado cause instabilidade do mercado. "Quero ser presidente do Brasil, a 15ª economia industrial do mundo, a maior nação em desenvolvimento do planeta no Ocidente. Respeito muito o mercado, já fui ministro da Fazenda, governador, prefeito. Não há uma incoerência minha nem a prática de nenhuma imprudência. Agora, o mercado vai ter de respeitar o povo brasileiro."
Sem citar nomes, o candidato do PPS criticou também o ex-ministro da Saúde pela volta do que chamou de "epidemias medievais" provocadas pela "falta de compromisso com a saúde pública preventiva". Sobraram ainda ataques ao presidente FHC.
"Acreditei que o governo Fernando Henrique Cardoso, o primeiro, fosse ser a grande mudança de que o Brasil precisava. Acreditei profundamente que era verdade a promessa de melhorar o emprego, a segurança, a agricultura, a saúde e a educação", disse, referindo-se às promessas de campanha de FHC em 94. "Mas todas essas coisas pioraram", completou o presidenciável.
Serra foi a vítima escolhida pelo vice de Ciro, Paulo Pereira da Silva. "Aqui não é o comício do candidato do desemprego, do candidato que demitiu no Brasil inteiro", emendou Paulinho.
Ontem, em Franco da Rocha (região metropolitana de São Paulo), Paulinho escolheu outro alvo: o candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva. Ele disse que o candidato "afinou" frente aos banqueiros, em referência à Carta ao Povo Brasileiro, na qual Lula expõe seu plano econômico.
Com um discurso de tom emocional, Ciro fez inúmeras referências ao fato de ter sido criado em Sobral, cidade hoje administrada por seu irmão, Cid Gomes.
"Vou começar minha campanha entre os que conhecem os meus defeitos e sabem que, entre eles, não estão a corrupção, a mania de prometer o que não vai fazer, a incompetência e o radicalismo", declarou. "Sob o penhor da minha honra, garanto que o Brasil vai mudar a partir do primeiro dia, se a mim tocar a honra de ser presidente", completou. ao lado da namorada, a atriz Patrícia Pillar, dos filhos e da mãe.


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